Mulher negra humilhada no WalMart reconhece segurança

A dona de casa Clécia Maria da Silva, 56 anos, tomada por ladra na loja do Supermercado WalMart, da Avenida dos Autonomistas, em Osasco, reconheceu “com 100% de certeza” o funcionário Carlos Cerqueira dos Santos, como sendo o segurança responsável pela abordagem e revista.

O reconhecimento aconteceu na manhã desta segunda-feira (04/04) nas dependências do 9º DP de Osasco, no inquérito presidido pelo delegado Léo Francisco Salem Ribeiro, que investiga o caso.

Por conta da violência a que foi exposta, a dona de casa, que é negra, teve que ser removida para o Hospital Montreal, onde chegou com forte crise hipertensiva e permaneceu internada cerca de 4 horas – entre as 18h52 e 22h50.

Médicos que a atenderam disseram a Érica Patrício da Silva, a nora que foi chamada para socorrê-la, que ela esteve próxima de sofrer um Acidente Vascular Cerebral (AVC).

Testemunha

O segurança também foi reconhecido pela testemunha Wagner Nisti, que juntamente com a mulher Sueli Nisti, socorreram a dona de casa, antes da chegada da nora.

Nisti confirmou “com 100% de certeza” ter sido Carlos o homem que abordou dona Clécia, e revistou as sacolas onde ela levava pequenas compras que haviam sido pagas normalmente, na frente das pessoas que passavam.

Segundo dona Clécia, enquanto era revistada, as pessoas que passavam diziam. “Olha lá a tiazinha roubando”, o que desencadeou a crise de hipertensão e a fez passar mal.

Ela contou à Polícia ao depor, que ao questionar o porque estava sendo revistada ouviu do segurança “que isso sempre acontece, geralmente com pessoas de cor, pessoas negras”. Depois, como todas as mercadorias tinham sido pagas, o segurança chegou a rubricar o cupom.

O caso aconteceu no dia 16 de fevereiro passado e, além do segurança que foi ouvido ontem, após o reconhecimento, o delegado quer ouvir a gerente de nome Ana, e mais a enfermeira e o bombeiro do serviço médico do WalMart, que atenderam a ocorrência e removeram a dona de casa para o Hospital.

O advogado Dojival Vieira já pediu a direção do Hospital o prontuário e o relatório médico, que deverão ser juntados ao Inquérito. No inquérito estão sendo investigados os crimes de calúnia, difamação, constrangimento ilegal e injúria racial. Só neste caso, a pena, em caso de condenação, pode variar de um a três anos de reclusão.

Negativa

O segurança, que estava acompanhado do advogado Eduardo Agostinho de Ricco, do escritório que presta serviços ao WalMart, negou que tenha abordado agressivamente a dona de casa. Ele também considerou o procedimento da revista normal.

Além do depoimento do segurança, o delegado Salém Ribeiro pediu a empresa a apresentação das imagens do circuito interno de TV, que foram entregues e deverão ser encaminhadas para perícia do Instituto de Criminalística.

O delegado também quer ouvir a gerente chamada Ana,que só teria providenciado a ambulância, por insistência da nora da dona de casa. A gerente – que já teria saído do WalMart – teria dito, quando questionada segundo testemunhas, que “tinha acontecido um mal entendido, mas que revistas a clientes era um procedimento normal e de rotina e que a dona de casa estava fazendo tempestade em copo d’água”.

Lucros

A rede norte-americana WalMart, que está no Brasil desde 1.995, ficou em 1º lugar no ranking das 500 maiores empresas globais de 2010, de acordo com a Revista Fortune. Tem mais de 400 lojas e está presente em 18 dos 26 Estados do Brasil. No ano passado, a rede teve faturamento estimado em US$ 408, 214 bilhões.

http://www.afropress.com/noticiasLer.asp?id=2602

Comments (1)

  1. Situação ridícula por parte da rede Walmart, sua responsabilidade é total nesse caso pós o treinamento é escolha dos quê trabalham lá é sua responsabilidade.

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