Mayron Régis
Parecia pouco provável que uma pequena comunidade negra do interior do município de Urbano Santos, Baixo Parnaíba maranhense, lograsse êxitos em qualquer projeto de sua procedência e de sua incumbência, visto que faltava experiência no ramo dos pequenos projetos e que o processo de desapropriação da propriedade atropelava qualquer outro propósito.
Qualquer projeto que fugisse dos seus dilemas e provações diárias seria refutado de cara e pelo histórico da comunidade de São Raimundo dificilmente ocorreria o contrário. O fato da comunidade se insurgir contra o desmatamento da Chapada, onde os seus moradores escoravam seus modos de vida na coleta do bacuri e do pequi, repicou nas demais comunidades próximas como uma notícia repica através do sino de uma igreja. Os moradores de São Raimundo ficaram conhecidos como os “tomadores de terra alheia”.
O projeto “Comunidade Tradicional e a Sustentabilidade do Extrativismo do Bacuri em Urbano Santos”, financiado pela Cese e pela ASW, esvoaçou de janeiro de 2010 a fevereiro de 2011 por céus amplamente desconhecidos da maior parte da sociedade civil maranhense. Da parte da Sociedade Maranhense de Direitos Humanos trafegava um relatório sobre a situação fundiária em São Raimundo e Bom Principio e as investidas frustradas do senhor Evandro Loef sobre as suas áreas de Chapada. As duas comunidades comandam as maiores áreas de produção de polpa de bacuri no município de Urbano Santos.