Hegemonia e império, por José Luís Fiori

“O que está se assistindo, neste momento, é uma mudança na administração do poder global dos EUA. Esse processo está em pleno curso, mas será longo e complicado, envolvendo divisões e lutas dentro e fora da sociedade e do establishment americano”, avalia José Luís Fiori, professor titular e coordenador do Programa de Pós-Graduação em Economia Política Internacional da UFRJ, em artigo publicado no jornal Valor,23-03-2011.

Segundo ele, “o poder imperial americano deverá enfrentar uma perda de legitimidade crônica dentro dos EUA, porque a diversidade e a complexidade nacional, étnica e civilizatória, do seu império são absolutamente incompatíveis com a defesa e a preservação de qualquer tipo ou sistema de valores universais, ao contrário do que sonha uma boa parte da sociedade americana”.

“O passeio da família Obama aos trópicos – escreve Fiori -, e a retórica simpática e amena do presidente americano serviram para demonstrar como funciona na prática, o “tratamento entre iguais”, quando um deles é um Império”. Eis o artigo. (mais…)

Ler Mais

”Alcântara é um município quilombola”. Entrevista especial com Sérvulo de Jesus Moraes Borges

Unisinos – Sérvulo de Jesus Moraes Borges é representante do Movimento dos Afetados pela Base de Alcântara – Mabe. Ele foi militar da Aeronáutica. Hoje, no Mabe luta contra o Centro de Lançamento de Alcântara, a segunda base de lançamentos de foguetes da Força Aérea Brasileira, criada em 1989 no município de Alcântara, a 408 quilômetros de São Luís, no Maranhão. Implantada em uma área de muitos quilombos, a base de Alcântara está gerando um desarranjo social, uma vez que deslocou 32 comunidades que foram retiradas dos quilombos e que acabaram sendo assentadas em outros lugares. “Eu sempre fui quilombola; apenas estive militar [da Aeronáutica] por algum tempo”, explicou Sérvulo à IHU On-Line, durante a entrevista que concedeu por telefone.

“Costumo dizer que há uma apartheid intelectual em relação à sociedade alcantarense e à implantação desse projeto. Isso porque a base não possibilita à sociedade a possibilidade de crescer junto. Aliás, a comunidade nunca foi chamada para dizer o que queria. O que acontece, aqui, é uma violação de direitos humanos porque o povo não foi convidado a fazer parte do diálogo desse megaprojeto”, apontou. Confira a entrevista. (mais…)

Ler Mais

Índios acusam Funai de participar de tortura em aldeia

Há três meses, índios da aldeia São João, em Bonito (MS), tentam afastar da coordenação da Funai no município coordenadores que teriam assistido a sessão de tortura contra três kadiwéu, em dezembro do ano passado.

Ao lado de policiais identificados como membros do DOF (Departamento de Operações de Fronteira), os chefes da Coordenação do órgão, Lourival Matechua Souza (titular) e Antônio Bezerra (substituto), segundo os índios, acompanharam e incentivaram espancamento de jovens acusados de roubo de gado.

O cacique Ceprianio Mendes relata em denúncia formalizada ao Ministério Público Federal, presidência da Funai, Polícia Federal e Secretaria de Segurança Pública, que um dos índios, Vanildo Mendes, foi asfixiado, depois submetido a sessões de afogamento no rio Formoso e por fim, teve os testículos rompidos após espancamento. Os três foram obrigados a acompanhar os policiais e membros da Funai por vistoria na região, diz o cacique, sempre com a presença de Lourival e Antônio Bezerra. (mais…)

Ler Mais

Educação Escolar Indígena: a quem interessa o caos

Egon Heck

Escola paralisada. Mais de 300 alunos Kaiowá Guarani da Terra Indígena Nhanderu Marangatu, município de Antonio João ficam sem aula por dois dias. A professora Leia Aquino, que já foi diretora da escola desabafa “não podemos aceitar o que estão fazendo. Estão querendo acabar com nossas conquistas, nossa luta para ter uma escola nossa, do nosso jeito Kaiowá Guarani, com autonomia e comprometida com a luta do nosso povo pela terra e por nossos direitos”

Diante da interferência nociva da prefeitura, substituindo toda a direção da escola que era formada por professores indígenas, por professores não indígenas, restou como forma de protesto, a paralisação das aulas por dois dias, na Escola Mbo’erro Tupã’i Arandu Reñoi.

É importante lembrar que esta escola teve um papel relevante na resistência ao despejo desta comunidade em15 de dezembro de 2005. Em vários momentos foram os professores que tomaram iniciativas de mobilização pela terra e contra as inúmeras violências de que foram vítimas membros da comunidade. (mais…)

Ler Mais

Escola Indígena: mesmo com dificuldades, as crianças têm aula – mas falta água

“[…] a educação das crianças, tomando por ponto de partida a autoridade, deve sucessivamente resultar na mais completa liberdade”. (Bakunin)

Por Sassá Tupinambá – União Campo, Cidade e Florestas

Hoje, em pleno domingo, 20 de março de 2011, o diretor e o professor do ciclo básico da Escola Indígena da Aldeia Takuara, estão trabalhando, fazendo o planejamento pedagógico da semana.

A Escola Indígena da Aldeia Takuara foi fundada pelo Professor Indígena, Ládio Veron, ainda nos anos 1990. De lá para cá a escola foi diversas vezes demolida pelos agentes do Estado (policiais, funcionários públicos) e até por capangas da fazenda Brasília do Sul, escoltados por policiais do estado do Mato Grosso do Sul.

Em meados de 2006, o MEC, depois de muita insistência das lideranças e professores indígenas construiu a atual escola, dessa vez de alvenaria. Uma obra não muito boa, telhado ruim, falta de água, janelas pequenas, proporcionando pouca ventilação e iluminação inadequada para uma sala de aula. Além da estrutura inadequada, os professores ainda reclamam a falta de material para as aulas, giz, livros, armários, cadeiras, carteiras etc. (mais…)

Ler Mais

O Brasil após a expansão das politicas de ações afirmativas

Clédisson Júnior*

O acesso à educação assim como a valorização da cultura negra e o combate a discriminação étnico-racial constituem os principais eixos organizadores das pautas reivindicatórias do movimento negro brasileiro, compreendendo a educação formal como um elemento instrumental na busca por neutralizar os efeitos nocivos da escravidão e no reposicionamento da população negra na hierarquia social.

Passados 10 anos da pioneira experiencia que se promoveu por meio de lei, a reserva de vagas para estudantes afrodescendentes (lei 3.708/01) no ensino universitário, hoje já contamos com um número superior a 80 universidades públicas que já adotam algum programa com este propósito, e este índice cada vez mais vem sendo ampliado.

O processo de expansão das politicas de ações afirmativas para acesso da população afrodescendente no ensino superior é fruto de uma intensa disputa travada no campo ideológico e do direito, a qual os partidários contrários ao sistema de cotas sustentam que a dinâmica da desigualdade no Brasil é explicada pela baixo posicionamento da população negra na base da hierarquia socioeconômica em detrimento ao pertencimento étnico-racial, entendimento este defendido por setores conservadores e atrasados da nossa sociedade. (mais…)

Ler Mais

Amazônia e os grandes projetos – caso de Jirau e Santo Antônio

Desastres, acidentes, trabalho escravo, prostituição infantil, alcoolismo, violência, desmatamento, chacinas e execuções de indígenas e camponeses integram a agenda negativa de costuma tirar do anonimato rincões da Amazônia. Conjunto de passivos, em boa parte naturalizado pela grande mídia.

O rosto autoritário do Estado como indutor da economia organizada a partir de grandes projetos se mantém desde os militares. Perspectiva que se replica na maioria dos quadros de técnicos de instituições envolvidas na burocracia do governo, vide as linhas de crédito e o cenário de algumas pesquisas que não contemplam a sociodiversidade da região.

O horizonte homogêneo é indiferente às populações locais e às suas formas de organização e percepção de mundo e vida. O saque continua sendo a lógica da integração da região. (mais…)

Ler Mais

Leite materno é contaminado por agrotóxicos em MT, diz pesquisa

Do Jornal da Band

Uma pesquisa revelou contaminação do leite materno por agrotóxicos usados em plantações em uma cidade no Mato Grosso. As amostras foram colhidas de 62 mulheres atendidas pelo programa de saúde da família do município de Lucas do Rio Verda, a 350 km de Cuiabá. Os níveis de agrotóxicos encontrados estão bem acima da média e põem em risco a saúde humana.

Em 100% das amostras foi encontrado ao menos um tipo de agrotóxico e em 85% dos casos foram encontrados entre 2 e 6 tipos.

A substância com maior incidência é conhecida como DDE, um derivado de outro agrotóxico, DDDT, proibido pelo Governo Federal em 1998 por provocar infertilidade no homem e abortos espontâneos nas mulheres. (mais…)

Ler Mais

Professores terão bolsas para cursos de mestrado

Professores da educação básica que lecionam em escolas públicas terão bolsas de mestrado profissional a distância. Concedidas pela Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (Capes), por meio da Universidade Aberta do Brasil (UAB). As bolsas exigem dos docentes, como contrapartida, o compromisso de continuar em exercício na rede pública por um período de cinco anos após a conclusão do mestrado. A medida, anunciada pelo Ministério da Educação na última segunda-feira (21), faz parte de um conjunto de ações para elevar a qualidade da educação básica.

A cada mês de março, o benefício será liberado e terá vigência máxima de 24 meses. Existe, também, a possibilidade de concessão de bolsas para mestrados presenciais, desde que em cursos aprovados pela Capes e consideradas algumas situações de interesse específico do estado. (mais…)

Ler Mais

Cisternas beneficiam 2,4 milhões de pessoas no Semiárido

Cisternas beneficiam 2,4 milhões de pessoas no Semiárido
Antes da cisterna, o agricultor Luis Eleutério tinha que caminhar até 6 km para buscar água/ Foto: Ana Nascimento - MDS

Na região do Semiárido brasileiro, 480 mil famílias conseguem fugir da seca por meio da coleta de água de cisternas para o consumo, que beneficiam 2,4 milhões de pessoas. A ação é resultado de um trabalho da Articulação do Semiárido no Brasil (ASA) – que reúne cerca de mil entidades da sociedade civil – apoiado pelo Ministério do Desenvolvimento Social e Combate à Fome (MDS) desde 2003.

O projeto considera o acesso à água recurso fundamental para a segurança alimentar, o aumento da quantidade de alimentos produzidos pelas famílias e a diversificação de processos produtivos locais. Das cisternas construídas, 340 mil foram apoiadas diretamente pelo MDS, beneficiando 1,7 milhão de pessoas. Além disso, já foram implantadas com o apoio do ministério 7.433 cisternas para produção de alimentos e 43 nas escolas. A meta para 2011 é construir mais de 100 mil cisternas. (mais…)

Ler Mais