NOTA À IMPRENSA e à SOCIEDADE
Três Corações, Sul de Minas, MG, 18 de março de 2011.
Agronegócio é o modelo agrícola que atualmente predomina no campo, que utiliza grandes quantidades de agrotóxicos, sem os quais não produz e que por isso precisa ser denunciado. Os agrotóxicos envenenam os alimentos que comemos, contaminam a água que bebemos e colocam em risco a vida das trabalhadoras rurais e urbanas. Esse modelo de Agricultura é uma aliança entre latifundiários e empresas transnacionais, que somam 3% do total de propriedades rurais do país e controlam 56,7% das terras brasileiras agricultáveis. Também controlam o fornecimento de adubos químicos, venenos e máquinas, o preço e o mercado de cada produto. As trabalhadoras deste país se indignam diante de todo este poder nas mãos das transnacionais e do latifúndio.
Por isso, nós mulheres, exigimos o fim de todo e qualquer incentivo fiscal relacionado ao agrotóxico e exigimos que o governo realize estudos sérios sobre a implicação do uso destes venenos para a saúde do povo brasileiro. Apresentamos como alternativa o modelo da agroecologia, que prima por uma produção saudável de alimentos, em harmonia com o meio ambiente.
A região sul de Minas Gerais é responsável pela maior produção de café no mundo, um “orgulho nacional” produzido em sistema de monocultivo, com alto uso de adubos e agrotóxicos, que além de contaminar o solo, o ar e a água, contamina principalmente os trabalhadores e trabalhadoras rurais que se expõem diretamente na aplicação desses produtos. Eles e elas adoecem por ficar em contato direto com o pé e o grão na colheita, além da poeira que carrega os resíduos. As trabalhadoras e trabalhadores são sempre os mais prejudicados quando se trata de contaminações por agrotóxicos. Pesquisas indicam a relação direta entre os agrotóxicos e o suicídio, a depressão, o
câncer em várias formas, as dificuldades respiratórias e a má-formação genética.
Por isso, após uma grande e aguerrida marcha pelas ruas de Três Corações (cidade do Sul de Minas) as mulheres camponesas denunciam este modelo numa das sedes de uma empresa símbolo do agronegócio: a Heringer, que está presente nos estados de São Paulo, Minas Gerais, Paraná, Espírito Santo, Sergipe, Bahia, Goiás, Rio Grande do Sul, Mato Grosso e Mato Grosso do Sul. A Heringer é uma das grandes responsáveis por disseminar o agronegócio e o uso de agrotóxicos.
Nós, mulheres camponesas, com a manifestação nesta empresa, garantimos que não arredaremos um passo da decisão tomada de por fim ao agronegócio para, enfim, construir um projeto popular para o campo.
MULHERES EM DEFESA DA VIDA, CONTRA O AGRONEGÓCIO!
Articulação Estadual das Empregadas Rurais
Via Campesina-MG
CUT
Enviada para a lista do CEDEFES por Frei Gilvander.