Por Lenise Garcia
A frase, acreditem, é do Ministro da Agricultura, Wagner Rossi. Destacada pela Renata lo Prete, eu vi a citação no blog do Noblat:
“Nadinha”
Renata Lo Prete, O Globo
Wagner Rossi (Agricultura) causou espanto em reunião do “Conselhão”, anteontem, ao dizer que a expansão da fronteira agrícola para Maranhão, Tocantins , Piauí e oeste da Bahia não tem impacto ambiental nenhum. Isso porque, segundo o ministro, “lá não tem nada, só cerrado”.
Os comentários no blog também evidenciam a pouca compreensão que muitos brasileiros tem das questões ambientais. Penso que parte da culpa é dos ambientalistas – comento abaixo – mas, se é algo compreensível em pessoas pouco informadas, acho imperdoável para um Ministro de Estado. Não por acaso a discussão sobre o Código Florestal promete esquentar.
Há alguns anos, houve um debate acalorado e muito interessante no fórum online da disciplina Educação Ambiental Sustentável, que ministro pela internet na UnB. Um estudante fez uma observação sobre a “beleza da natureza”, e eu perguntei se a natureza deveria ser preservada porque era bela, ou se um bioma menos bonito, como o cerrado, também precisava ser preservado.
O debate esquentou, inclusive, questionando a colocação de que o cerrado não seja bonito, e devo dizer que também penso que há partes lindíssimas. Mas o fato é que o “marketing ambientalista” realmente mostra as “maravilhas” visuais da Amazônia e do Pantanal, e acaba passando a impressão de que esses biomas devem ser preservados porque são bonitos.
Então, sobra para o cerrado. Ele é hoje considerado um hotspot, uma das áreas do mundo em que é mais importante a preservação da biodiversidade.
Talvez seja bom oferecermos um curso de Educação Ambiental para o Ministério da Agricultura…
Para a maior parte das pessoas o peso da beleza estética é suficiente para preservar. O difícil é convencer que além das espécies ‘bandeiras’ outras espécies são igualmente importantes para a vida. No caso do cerrado, mal começamos a conhecer o potencial de sua biodiversidade…