BA – Fui chamado de negro, favelado e pobre, diz líder de banda de axé

Márcio, líder da banda "Psirico", durante show. Foto: Fred Pontes / Divulgação

O cantor de uma das bandas de axé mais conhecidas da Bahia afirmou ter sido alvo de racismo durante show em camarote do carnaval de Salvador, na madrugada deste sábado.

Márcio Victor, do Psirico, teria sido chamado de “negro”, “favelado” e “pobre” por um empresário de 43 anos, natural de Inhambupe (163 km de Salvador), durante um show no Camarote do Reino, estrutura de eventos com capacidade para 2.500 pessoas em Ondina, um dos principais pontos da folia na cidade. O homem teria ainda acusado o cantor de incitar a violência em sua música.

“No momento em que houve a possível ofensa, o autor solicitou uma patrulha da Polícia Militar, que conduziu o homem até um posto da corporação”, informou o capitão Marcelo Pitta, do setor de imprensa da PM baiana.

Segundo relato do jornal “A Tarde”, o cantor reagiu aos insultos. “Olhe, eu vou é sair daqui, vou para o povão lá embaixo, que não tem dinheiro para comprar camarote, mas se respeita”, afirmou, de acordo com a publicação. O ingresso por um dia no camarote fica em torno de R$ 400 a R$ 600. A reportagem não conseguiu contato com o cantor neste domingo (5). (mais…)

Ler Mais

Manifesto em razão do assassinato de Sebastião Bezerra da Silva, Secretário Executivo do Movimento Nacional de Direitos Humanos – Regional Centro Oeste e do Centro de Direitos Humanos de Cristalândia, TO

EXCELENTÍSSIMO SENHOR MINISTRO DA JUSTIÇA

JOSÉ EDUARDO CARDOZO

1-   O Fórum de Direitos Humanos no Estado de Mato Grosso, formado pelas instituições civis ao final desta identificadas, e que lutam em defesa da vida, vem, por meio deste manifesto, informar e pedir apuração, bem como solicitar especial atenção ao caso do brutal assassinato do defensor SEBASTIÃO BEZERRA DA SILVA, que durante mais de 15 anos militava em favor dos direitos humanos na cidade de Cristalândia no Estado do Tocantins. Senhor Ministro, o defensor Sebastião foi executado com requintes de crueldade e seu corpo abandonado em cova rasa, próximo a uma fazenda, na estrada entre Gurupi e Dueré, sul de Tocantins, no dia 27 de fevereiro de 2011, sendo seu corpo encontrado com visíveis sinais de TORTURA, conforme foi declarado pelo IML, ou seja, morto por asfixia através de estrangulamento e amassamento de crânio.

2-   Senhor Ministro, os defensores dos direitos humanos se encontram atualmente totalmente abandonados na questão de sua segurança pessoal. Sebastião já vinha recebendo ameaças constantes em virtude de um processo contra policiais que faziam uso da tortura contra as suas vítimas. Ainda em vida desabafou com os companheiros, que recebia várias ligações estranhas e ameaçadoras. (mais…)

Ler Mais

Racismo”afetuoso”: Monteiro Lobato vai para o trono?

Muniz Sodré

Um incidente pré-carnavalesco trouxe de novo à cena a figura de Monteiro Lobato, que frequentara com alguma assiduidade as páginas da imprensa no ano passado, quando o Conselho Nacional de Educação (CNE) considerou racista o livro Caçadas de Pedrinho. Agora é a camiseta desenhada por Ziraldo para o bloco carioca “Que merda é essa?”, em que Lobato aparece sambando com uma mulata. Houve manifestação popular e protestos, dos quais o mais veemente e consistente foi o da escritora Ana Maria Gonçalves, autora de Um Defeito de Cor, romance notável no panorama da literatura brasileira contemporânea.

Nenhum jornal reproduziu o teor da carta – ponderada e judiciosa – da escritora ao cartunista, admitindo que poderia tê-la estendido a outros destinatários, nomes importantes no chamado corredor literário. Há, porém, a internet, e graças a ela se fica a par dos argumentos da romancista, todos inequívocos quanto ao racismo do consagrado autor de Caçadas de Pedrinho. Pela imprensa escrita, ficou-se sabendo apenas que, na opinião da autoridade tal, “a manifestação era uma besteira”, ou então que carnaval não é ocasião para “assuntos de seriedade”.

Para meter aqui a colher na discussão, é preciso deixar claro de início e de uma vez por todas, o seguinte: Monteiro Lobato era um racista confesso, seu ódio aos negros não é nada que se deduza por interpretação de seu texto ficcional. Mas quase todo o mundo leitor sabe disso. É lamentável fingir inocência ou alegar que o racismo brasileiro é diferente, é “afetuoso”. Aí estão publicadas as cartas ao amigo Godofredo Rangel, em que Lobato se perguntava como seria possível “ser gente no concerto das nações” com aqueles “negros africanos criando problemas terríveis”. Que problemas? Simplesmente serem negros, serem o que ele chamava de “pretalhada inextinguível”. O escritor sonhou ficcionalmente com a esterilização dos negros (vide O Presidente Negro) e sugeriu, muito antes do apartheid sul-africano, o confinamento dos negros paulistas em campos cercados de arame farpado. (mais…)

Ler Mais

O mapa da intolerância religiosa no Brasil

Janete Oliveira

O Mapa da Intolerância Religiosa – Violação ao Direito de Culto no Brasil será lançado no dia 26 de março, em Salvador, Bahia, durante a reunião da Coordenação Nacional do Coletivo de Entidades Negras – CEN.

Produzido pelo jornalista Marcio Alexandre M. Gualberto (Coordenador Nacional de Política Institucional do CEN, editor do blog Palavra Sinistra e Coordenador da Rede Social da Religiosidade Afro-Brasileira) o Mapa da Intolerância Religiosa – Violação ao Direito de Culto no Brasil trará um histórico da violação do direito de culto no Brasil nos últimos 10 anos.

O Mapa da Intolerância Religiosa – Violação ao Direito de Culto no Brasil é marcado por duas trágicas coincidências. Inicia com o relato da morte de Gildásia dos Santos e Santos, a Mãe Gilda – ialorixá do terreiro Axé Abassá de Ogum. A líder religiosa morreu, em 21 de janeiro de 2000, numa situação de combate contra a intolerância religiosa, praticada por evangélicos em seu templo, localizado no Abaeté, em Itapuã, na Bahia -, e se encerra com a repercussão da morte brutal de Rafael Zamora Diaz – babalawô cubano com quem o autor se cuidava no Culto de Ifá. (mais…)

Ler Mais