Afogados no descaso

A história se repete. O governo culpa os céus, mas o povo padece é da negligência das autoridades. Da edição 630. Por Gerson Freitas Jr. e Rodrigo Martins. Foto: Vanderlei Almeida/AFP

Gerson Freitas Jr. e Rodrigo Martins

“O Brasil não é Bangladesh e não tem nenhuma desculpa para permitir, no século- XXI, que pessoas morram em deslizamentos de terra causados por chuvas.” A crítica da consultora externa da ONU e diretora do Centro para a Pesquisa da Epidemiologia de Desastres, Debarati Guha-Sapir, resume com precisão o absurdo da tragédia. Até a tarde da quinta-feira 20, a Defesa Civil contabilizava mais de 750 mortos, 200 desaparecidos, 7.780 desalojados e 6.360 desabrigados nos municípios de Petrópolis, Teresópolis, Nova Friburgo e Areal. Os prejuízos materiais ainda não foram completamente calculados, mas o Banco Mundial já anunciou a liberação de 485 milhões de dólares (cerca de 820 milhões de reais) para a reconstrução das cidades devastadas pelas chuvas que atingiram a região desde a madrugada da terça-feira 11. (mais…)

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Homenagem – Vídeo lembra lançamento do Brasil de Fato

Uma volta ao ano de 2003, para lembrar da noite que marcou o nascimento do jornal

O vídeo com registro do ato de lançamento tem 52 minutos e mostra depoimentos das personalidades (como Eduardo Galeano, Sebastião Salgado, Augusto Boal) que estiveram presentes no Gigantinho, dia 25 de janeiro de 2003 no Fórum Social Mundial, e mobilização das 5 mil pessoas presentes em apoio da criação do Brasil de Fato.

http://www.brasildefato.com.br/node/5526

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Carta da COIAB à Presidente Dilma

Manaus-AM, 26 de Janeiro de 2011.

À Excelentíssima Senhora

DILMA VANA ROUSSEFF LINHARES

Presidente da República Federativa do Brasil

Brasília/DF

Senhora Presidente,

A Coordenação das Organizações Indígenas da Amazônia Brasileira (COIAB), organização representativa e articuladora dos Povos Indígenas da Região Amazônica, com representação nos 09 (nove) Estados da Amazônia Brasileira, criada para promover e defender os direitos dos Povos Indígenas, através da sua Coordenação Executiva, estende cordiais cumprimentos a Vossa Excelência.

Na oportunidade a COIAB lhe parabeniza pelo inicio de mandato frente à República Federativa do Brasil, desejando êxito nos trabalhos e nas políticas públicas traçadas para o país. Acreditamos que os direitos fundamentais e a igualdade entre os cidadãos marcarão uma nova época de prosperidade para os brasileiros.

Reconhecemos os avanços dados nos últimos anos na construção do respeito à diversidade e pluralidade, entretanto, há de se atentar que ainda vivenciamos no Brasil um processo de desrespeito aos direitos dos povos indígenas. (mais…)

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Projeto da COIAB vence prêmio Chico Mendes 2010

Os jovens sãos os novos guerreiros prontos a defenderem os valores e ensinamentos dos povos indígenas. Em 2006, a COIAB criou o Centro Amazônico de Formação Indígena – CAFI, instituição pensada, criada e implementada por lideranças indígenas que já formou 85 alunos, jovens lideranças de vários povos e organizações indígenas. Uma referência para outras regiões do país, o CAFI atua a partir de demandas dos povos indígenas, treinando-os para a gestão e a vigilância dos seus territórios. Capacitar essas novas lideranças é o objetivo do CAFI.

O CAFI foi contemplado com o prêmio Chico Mendes, organizado pelo Departamento de Articulação de Políticas para a Amazônia e Controle do Desmatamento, do Ministério do Meio Ambiente. Criado em 2002 para valorizar trabalhos realizados e desenvolvidos em prol da conservação do meio ambiente da Amazônia Legal, o Prêmio Chico Mendes é o reconhecimento da contribuição de seus realizadores ao processo de melhoria da qualidade ambiental.

Para Gerson Guajajara, que participou do CAFI, ter tido a oportunidade de ser aluno desse projeto foi de grande importância na sua trajetória de liderança indígena. “Aprendi muitas coisas, como por exemplo, a relação que o movimento indígena tem com outras instâncias. Além da prática e valorização de saberes tradicionais, tive a oportunidade de está com outras jovens lideranças da Amazônia que lutam pela garantia dos direitos de nossos povos”, explica Gerson. (mais…)

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Movimentos sociais denunciam assédio da Funai e Norte Energia a indígenas

Natasha Pitts

A luta indígena contra a construção da hidrelétrica de Belo Monte, prevista para ser construída no Pará (região Norte do país) parece não ter fim.  Uma nota enviada hoje pelos movimentos sociais paraenses denunciou que o Governo Federal, a Fundação Nacional do Índio (Funai) e a Norte Energia estão conseguindo manipular vários membros da Associação dos Indígenas Moradores de Altamira-PA (AIMA) e convencendo-os sobre a necessidade de construção da obra.

Em entrevista à Adital, a presidente da AIMA, Juma Xipaia falou sobre o assédio que os indígenas vêm sofrendo para desistirem da luta contra a hidrelétrica.

“A entrega de cestas básicas nas comunidades indígenas é uma das maneiras de tentar comprar os índios.  Eles estão se aproveitando da necessidade que os indígenas passam e oferecendo carro, moto, celular e também dinheiro para que o povo indígena desista de lutar contra Belo Monte e passem para o lado da Norte Energia.  O pior é que a Funai não está interferindo em nada”, denunciou.
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Depoimento de cacique da TI Pakisamba sobre o não cumprimento das condicionantes de Belo Monte

A licença prévia para Belo Monte foi dada pelo IBAMA no dia 01 de fevereiro de 2010, apesar do parecer contrário de seus analistas ambientais. Quase nada das 66 condicionantes estabelecidas pelo IBAMA e FUNAI para a continuidade do licenciamento ambiental foram cumpridas até agora. O governo federal segue pressionando para que a Licença de Instalação seja dada. Assista no vídeo o depoimento do cacique da comunidade indígena Pakisamba.

Postado por Pablo/Cedefes.

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Centro de defesa lança “Atlas do trabalho escravo no Maranhão”

Estima-se que existem hoje no mundo, cerca de 12 milhões de seres humanos trabalhando em situação análoga a escravidão. Segundo estimativas da Comissão Pastoral da Terra – CPT, no Brasil, são mais de 25 mil trabalhadores escravos. São homens, mulheres e crianças aprisionados, sobre as mais degradantes condições, sujeito às mais variadas formas de violência.

O estado do Maranhão ocupa lugar de destaque no quadro dos estados onde mais se fornece mão-de-obra para o trabalho escravo, sendo que a maioria de trabalhadores resgatados em outras unidades da federação, principalmente no estado vizinho, Pará, são maranhenses.

Nesse sentido, o Centro de Defesa da Vida e dos Direitos Humanos de Açailândia -MA, (CDVDH), visando elucidar para os diversos meios sociais a problemática da escravidão atual no Brasil, lança o “Atlas Político-Jurídico do Trabalho Escravo Contemporâneo no Maranhão”. (mais…)

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Parabéns, São Paulo! Você continua injusta

Leandro Sakamoto, de Washington

Gosto de viver nessa cidade. De acordar, insone, às quatro da amanhã e ter a certeza de que dá para ir a algum lugar. Assistir a filmes ou a peças de teatro que quiser sem ter que pegar uma ponte aérea. Rodar o mundo pelos diferentes gostos de seus restaurantes. Encontrar na diversidade de origens, cores e formas pessoas tão interessantes quantas posso imaginar. De saber que a informação e o conhecimento fluem rápidos, de fora ou de dentro, para a cidade.

Posso rodar o país e o mundo mas invariavelmente volto para aí, meu porto seguro, onde me identifico, onde as coisas fazem sentido. Onde meus amigos, emoldurados pela cidade, me lembram através do reflexo que vejo neles quem eu sou, de onde vim, para onde vou. Nasci aí, mas o mais importante é que adotei a cidade depois que aprendi a andar com as próprias pernas. Ser paulistano não tem a ver com o local onde você teve o cordão umbilical cortado, mas onde você amarrou seu burro.

Amo São Paulo e, por isso mesmo, sinto um aperto no peito. Como posso gostar de um lugar onde o povo não aprendeu a ser cidadão, onde os eleitos se furtam a cuidar da pólis; que pensa que só porque é maior e mais rico, é melhor do que o resto do país; que insiste em se afirmar como reserva moral e guia econômico dos outros estados; que acredita piamente ter sido incumbido de uma missão divina de guiar o Brasil para o seu futuro; que tem como lema que ostenta a sua bandeira “Non Ducor Duco” (Não sou conduzido, conduzo)? Uma cidade que joga para longe os pobres, traz para perto os endinheirados, bate na sua população de rua, espanca homossexuais e ainda reclama da selvageria que ocorre além de Queluz? (mais…)

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Diferentes formas de ser mulher: Diante a construção de um novo feminismo indígena?


Por: Aída Hernández Castillo Salgado

Há dez anos seria impensável falar da existência de um feminismo indígena no México, no entanto, a partir do levantamento zapatista iniciado em 1 º de janeiro de 1994, podemos ver surgir no âmbito nacional um movimento de mulheres indígenas que está lutando em diversas frentes. Por um lado, as mulheres indígenas organizadas uniram suas vozes ao movimento indígena nacional para denunciar a opressão econômica e o racismo que marca a inserção dos povos indígenas no projeto nacional.  Ao mesmo tempo estas mulheres lutam no interior de suas organizações e comunidades para mudar aqueles elementos da tradição que as excluem e as oprimem. As demandas destas mulheres e de suas estratégias de luta nos levam a considerar esta luta como o surgimento de um novo tipo de feminismo indígena, que mesmo coincidindo em alguns pontos com as demandas de setores do feminismo nacional, têm ao mesmo tempo diferenças substanciais.

O contexto econômico e cultural em que as mulheres indígenas foram construindo as suas identidades de gênero marca as formas especificas que tomam suas lutas, suas concepções sobre dignidade da mulher e suas formas de fazer alianças políticas. As estratégias de lutas destas mulheres estão determinadas pela sua identidade de etnia, de classe e de gênero. Elas preferiram incorporar-se à luta do seu povo, criando ao mesmo tempo espaços específicos de reflexão sobre as suas experiências de exclusão como mulheres e como indígenas.
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