Tal retrato surge de levantamento da Folha feito a partir de dados da Pesquisa Mensal de Emprego e explica, em parte, o avanço do consumo das classes C e D.
Segundo especialistas, o resultado se deve principalmente à escassez de profissionais nesses setores e ao reajuste real do salário mínimo, ao qual os salários mais baixos estão mais atrelados.
O rendimento subiu acima da média das seis regiões metropolitanas pesquisadas pelo IBGE (3,3%) na construção civil (10,6%), nos serviços domésticos (5,5%) e no comércio (4,7%) -ramos com as menores remunerações. Já na indústria, a atividade que paga os melhores salários, a alta foi de 0,5%.
Os dados indicam uma melhora na distribuição de renda, mas se referem apenas a ganhos do trabalho. Por isso, não é possível determinar o real avanço da equidade nessas regiões: não estão incluídas a renda de capital (investimentos e valorização do patrimônio, que pesam mais entre os mais ricos) nem a de transferências como programas sociais e aposentadorias (mais relevantes entre os mais pobres).
MÍNIMO AJUDA
Para Cimar Azeredo Pereira, do IBGE, o aumento real do salário mínimo “é um importante instrumento de elevação dos salários mais baixos”, especialmente de quem ganha até dois salários mínimos -a maior parte dos trabalhadores da construção e dos serviços domésticos.
Pereira afirma que a valorização do salário mínimo compensou o repique da inflação e assegurou o crescimento da renda também entre as pessoas com menor nível de escolaridade.
Fábio Romão, economista da LCA, diz que a conjuntura econômica favorável também ajudou a ampliar a renda dos que ganham menos.
“A construção, por exemplo, cresceu muito e há falta de mão de obra, o que obriga as empresas a pagar salários melhores para reter ou para contratar profissionais.”
A distribuição de renda também ocorreu regionalmente: os salários subiram mais em Recife (10,4%), Belo Horizonte (5,5%) e Rio de Janeiro (5,6%), regiões com rendimentos menores que São Paulo, cujo crescimento médio neste ano foi de 0,5%.
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