Jovens debatem sobre a realidade das juventudes indígenas

Adital – Com a presença de 120 jovens indígenas, originários de 62 povos da região oriental e ocidental, realizou-se, anteontem (29), a abertura do Seminário “Fortalecimento de Lideranças Políticas e Sociais das Juventudes Indígenas do Paraguai” que acontece no país sul-americano até hoje (1°).

No marco da abertura, escutaram-se as palavras de boas vindas de jovens líderes e de autoridades das instituições que promovem esta atividade: o Programa de Desenvolvimento das Nações Unidas (Pnud) e o Instituto Nacional do Indígena (Indi).

Jerónimo Ayala, da Comunidade Pindo e membro da Coordenadora pela Autodeterminação dos Povos Indígenas (Capi), apontou que o espaço é uma grande oportunidade para apresentar e dar a conhecer a situação e as necessidades dos povos indígenas. Expressou, ademais, que, segundo o censo 2002, o país registra 87 mil indígenas, dos quais 50% são analfabetos e os outros 50% apenas lê e escreve. “Esse é um dos grandes motivos da pobreza de nossos povos. Assim que, se as autoridades querem reduzir a pobreza e que tenhamos uma situação melhor, devem investir em educação e destinar recursos para que possamos receber formação”.

Afirmou que, se hoje estão com fortalezas, é pelo trabalho e esforço de seus líderes, não por promessas das autoridades, que muitas vezes ficam no discurso.

Nidio Vera, da Associação de Comunidades Indígenas de Canindeyu, agradeceu a iniciativa, que representa uma oportunidade para que os jovens indígenas possam encontrar-se em espaços como esse e compartilhar sua situação, que depois lhes permita, juntos, pensar e propor alternativas que ajudem a desenvolver os povos originários e a projetar um futuro.

Depois, o Representante Residente do Programa das Nações Unidas, Lorenzo Jiménez de Luis, apontou que Pnud promove esse espaço reconhecendo que um elo pendente é o fortalecimento das lideranças juvenis dos povos indígenas, para que possam se empoderar e assumir a responsabilidade ante a sociedade sem perder sua identidade, que é finalmente uma das maiores riquezas diferenciais do país. “Então, o que esperamos desse encontro é descobrir esses líderes que poderão conduzir este destino de seus povos até um desenvolvimento humano melhor e com maior qualidade”.

Posteriormente à abertura, os (as) presentes participaram da conferência magistral sobre a atual realidade latino-americana e dos povos indígenas. Problemas e desafios, a cargo de Bernardo Klisberg, especialista em desenvolvimento humano do Pnud. Esse espaço foi comentado pelo padre Bartomeu Melia, quem apontou que o novo panorama de desmatamento e a produção de soja acarretam na migração indígena para as cidades, formando uma nova zona, na qual subsistem de forma extremamente precária, expondo-se eles mesmos e suas famílias a situações de impossibilidade de exercerem seus direitos.

Posteriormente, a vice-ministra da Juventude, Diana García, e a Assessora do Fundo Espanha Pnud, Isabel Licha, expuseram sobre a situação atual e prospectiva das juventudes indígenas na América Latina e no Paraguai. O seminário seguiu com trabalhos grupais e plenárias onde os (as) jovens expuseram suas ideias, opiniões e pensamentos.

Ontem (30), além de trabalhos em grupos, os presentes tiveram a oportunidade de participar da conferência “Interculturalidade e participação das Juventudes Indígenas no Paraguai”. Pela tarde, as discussões giraram em torno do desenvolvimento humano com enfoque nos direitos.

http://www.adital.com.br/site/noticia.asp?boletim=1&lang=PT&cod=52752

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