Uma comunidade cravada no meio de morros, de comportamento hostil e convivência limitada ao espaço físico ocupado por ela. Carobinho, na região do Imbé, recebeu na semana passada, a expedição realizada pela Fundação Municipal Zumbi dos Palmares, Instituto do Desenvolvimento Afro Norte e Noroeste (Idanff), Ministério do Desenvolvimento Agrário e Instituto Historiar.
A dificuldade de acesso à área e o parentesco entre as famílias são fortes indícios, segundo o presidente da Zumbi dos Palmares, Jorge Luís dos Santos, de que Carobinho é uma comunidade remanescente de quilombo.
De acordo com Jorge Luís, depois do primeiro contato com a comunidade, o próximo passo será o planejamento de ação conjunta com as secretarias municipais de Saúde e Assistência e Família para que ações, como vacinação e retirada de documentos. A intenção, segundo o presidente, é oferecer condições básicas de sobrevivência para as famílias, mantendo as características apresentadas por elas.
Na primeira visita dos representantes das instituições foi possível perceber a forte influência quilombola entre as cerca de 10 famílias que moram no local de difícil acesso e que dispõem apenas de energia elétrica, instalada há pouco mais de um ano e meio.
– Eles vivem praticamente isolados. O isolamento só não é total, porque há um membro que, utilizando uma moto, vai às comunidades próximas comprar mantimentos e também transporta uma das crianças que moram em Carobinho para uma escola de Mocotó. Mas a área é de difícil acesso. Para chegarmos lá, precisamos ir de carro e ainda caminhar uns 40 minutos para avistar as primeiras das 10 casas espalhadas – destacou Jorge Luís.
Segundo o presidente da Fundação, os moradores vivem da agricultura familiar. De comportamento muito fechado, a comunidade foi descoberta a partir de um membro da Pastoral da Terra, que conheceu as famílias há cerca de dois anos. “A primeira informação que tivemos ali é de que chegaram há, pelo menos, 100 anos ao local. Um dos homens da comunidade contou que seu bisavô, que teria sido escravo em uma fazenda em Mocotó, morreu há duas décadas com a idade de 135 anos. Pelo que pudemos entender, foi um escravo fujão e levando em conta a Lei Áurea, assinada há 122 anos, podemos considerar essa comunidade com mais de 100 anos, sim”, explicou Jorge Luís.
Fonte: Site da Prefeitura de Campos
Enviada por Ruben Siqueira