A recente demissão do jornalista Dawton Moura pelo jornal Diário do Nordeste mostra como os chefes da mídia empresarial exercem seu poder de controle sobre os meios de comunicação com mão de ferro para negar ao povo fatos e idéias consideradas perigosas para os seus interesses de classe. O crime do jornalista: conceder ao público, subsidiado por professores do Departamento de História da UFC, a visão de fatos históricos que, ao longo de dois séculos, influenciaram o desenvolvimento político da humanidade. A matéria foi baseada principalmente nas reflexões que o sociólogo brasileiro radicado na França Michael Löwy apresentou recentemente em Fortaleza. Apesar de ser um pensador prestigiado no mundo inteiro com dezenas de livros publicados em vários países, a empresa o definiu “democraticamente” como proscrito.
Recentemente, o mesmo jornal, propriedade do Grupo Edson Queiroz, ao fazer uma matéria sobre ocupações urbanas, forma fundamental de aquisição de moradia pelo povo pobre na história de Fortaleza (história esta que o jornal esconde), a fala de um militante do MCP foi alterada e manipulada para atender o objetivo da matéria em estigmatizar as ocupações e, assim, defender os interesses da especulação imobiliária – cujo grupo proprietário é um dos seus maiores e mais violentos representantes no Ceará.
Esse tipo de prática deve ser denunciada, bem como os paladinos da falsa democracia, que lutam contra um conselho social de comunicação (como se esta não fosse uma questão pública, mas meramente privada), contra a democratização das concessões (o que na sua lógica invertida seria um atentado à “liberdade de expressão”) e a democratização das verbas publicitárias públicas (que eles consideram propriedade de suas empresas).
Registramos assim nosso repúdio aos que desejam manter o monopólio da comunicação para melhor manipular a opinião pública. E nos solidarizamos ao jornalista Dawton Moura, punido por seu compromisso profissional e ético com o público, ao Sindicato dos Jornalistas que enfrenta com coragem o despotismo arbitrário de uma classe empresarial sem ética, e ao Departamento de História da UFC por seu inabalável compromisso na luta pelo direito da sociedade conhecer sua história local e universal e refletir sobre o futuro a seguir.
MOVIMENTO DOS CONSELHOS POPULARES – MCP
Enviada por Cris Faustino