Corre, o trem da Vale, sem conhecer obstáculos e sem dar-se conta das vítimas que provoca. A revolta do povo é grande e em vários casos se faz ação: os moradores do assentamento Palmares, em Parauapebas, gritam contra a morte do companheiro Joaquim e bloqueiam a ferrovia.
Já tinha acontecido em 2007, aproximadamente por um mês: a ferrovia bloqueada deu um prejuízo grande para a empresa, se calculamos que o valor bruto do ferro transportado a cada dia corresponde pelo menos a 20 milhões de reais! Há perdas e perdas, mas o que não pode acontecer é a interrupção do mercado do ferro, especialmente agora que a Vale aumentou de 253% sua produção.
Outros gritos denunciam: as minas estão estragando nossos povoados (os moradores de Parauapebas bloquearam nesse mês de outubro a estrada de acesso ao projeto de mineração Salobo); a duplicação dos trilhos está devastando Áreas de Preservação Permanente (o Ministério Público Federal entrou com uma ação civil pública a respeito); nossas crianças devem passar debaixo do trem que pára na cidade, para ir até a escola (o padre Denys de Alto Alegre do Pindaré pede com urgência mais uma passarela acima dos trilhos).
A campanha Justiça nos Trilhos apresentou em março de 2010 uma representação contra a gigante da mineração a respeito dos atropelamentos de pessoas ao longo da linha de ferro: “a cada mês uma pessoa, em média, morra atropelada pelos trens operados pela Vale”.
Apesar disso e de muitos outros impactos, a empresa pretende duplicar até 2015 o sistema inteiro (mina, ferrovia e porto): até hoje correm nos trilhos durante um ano 100 milhões de toneladas de minério, a meta nesses poucos anos é chegar a 230 milhões.
Vale a pena morrer ou sofrer em nome do progresso? Quantos atropelamentos, de todos os tipos, deveremos ainda aceitar, antes de exigir um limite a essa fome de ferro e dinheiro?!
Campanha Justiça nos Trilhos, 29 de outubro 2010
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