Há semanas as campanhas eleitorais vêm bombardeando os brasileiros com imagens de seus candidatos beijando estátuas de santos ou rezando o Pai-nosso. Particularmente, tenho a certeza de que os dois são ateus ou, no máximo, no máximo, agnótiscos não-praticantes. Mas vá lá, este é um período especial e já discutimos exaustivamente neste blog sobre até onde vai a insanidade por um Dois-Dígitos-Confirma, o Santo Graal da política.
Mas, ontem, em um discurso a bispos brasileiros, o ex-cardeal Joseph Ratzinger condenou o aborto e a eutanásia e, implicitamente, a pesquisa com embriões para obtenção de células-tronco. Ou seja, o que era esperado dele. Mas foi além, e afirmou que “os pastores têm o grave dever de emitir um juízo moral, mesmo em matérias políticas”. Em plenas eleições brasileiras, Bento 16 pede para que os representantes de sua igreja orientem politicamente os fiéis.
Conversei com uma pessoa da comunidade do Jardim Pantanal (aquele bairro da capital paulista que se esvaiu em lama nas últimas enchentes) sobre isso e, apesar de ser extremamente religiosa, discorda da avaliação de Ratzinger. “Na Bíblia, está escrito para dar a Deus o que é de Deus e a César o que é de César. A gente tem que separar o que é política do que é religião, senão não dá certo.” É a gente simples da periferia de São Paulo ensinando bons modos para o Vaticano. (mais…)
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