Adital – O dia 20 de outubro de 1944 marcou o início de uma fase importante para a Guatemala. A partir desta data, o país, e em especial trabalhadores/as, indígenas, campesinos/as e camadas populares, foram beneficiados com mudanças drásticas nos rumos da política e da economia. Os interesses das elites econômicas e de países como os Estados unidos deram espaço para a reforma agrária, a devolução de terras indígenas e a oferta de crédito para camponeses/as empobrecidos.
Durante os anos em que foi comandada pela junta revolucionária integrada por Jorge Torriello Garrido, Jacobo Arbenz Guzman e Francisco Javier Arana, a Guatemala viveu dias diferentes, com verdadeira transformação rumo à democracia e a criação de políticas de desenvolvimento que melhoraram as condições de vida de campesinos/as, indígenas e das camadas mais pobres da população.
Além do desenvolvimento de um sistema econômico que beneficiou a classe trabalhadora e da concretização da reforma agrária, a junta revolucionária proibiu o trabalho forçoso, criou o banco da Guatemala, legalizou a propriedade da terra estatal, criou o instituto de fomento para a produção, elevou o salário semanal, implementou o código de trabalho, promoveu a diversificação das exportações e promoveu uma reforma no sistema educativo, entre outras benfeitorias.
A implementação de mudanças voltadas primordialmente para as classes historicamente exploradas, chamou a atenção dos grandes proprietários de terra, que passaram a trabalhar fortemente para derrubar a junta revolucionária, que já se encontrava no segundo governo.
A oposição conseguiu o que queria e elegeu como presidente da Guatemala o militar Castillo Armas. A partir deste momento, a vida das populações mais carentes do país começou a passar por novas transformações, sendo que dessa vez, negativas. Segundo destaca a Coordenadoria Nacional Indígena e campesina (Conic), de imediato, foi invalidado o decreto que concretizou a reforma agrária.
“Desde esta época, os campesinos e indígenas se viram submergidos novamente na miséria, exclusão e pobreza, devido ao fato de que o novo governo mudou toda sua política para que os grandes proprietários de terra sigam enriquecendo a custa da população em geral”, denunciam.
Firmes de que esta situação ainda pode mudar a Conic e demais organizações indígenas e campesinas da Guatemala lutam por transformações como a aprovação da Lei da Consulta sobre a Mineração, da Lei Geral dos Povos Indígenas, de Desenvolvimento Rural Integral, Lei da Consulta aos Povos, de Rádios Comunitárias e de lugares sagrados.
A luta dessas organizações também chama atenção para os retrocessos na questão agrária, pede a resolução da dívida agrária, a destinação de recursos para o Fundo de Terras, para a Secretaria de Assuntos Agrários, para a reativação da economia campesina, assim como o arrendamento de terras.
“Também demandamos o fim à repressão contra líderes comunitários, não aos desalojamentos (políticas de despojo de terras ancestrais aos povos indígenas), políticas para reduzir o alto custo de vida, a não outorga de concessões mineiras, petroleiras e hidrelétricas que afetam às comunidades e políticas para reduzir o aumento da energia elétrica”, reivindica a Conic.
Lutando e se manifestando de forma digna pelas demandas populares, Conic, Frente Nacional Contra a Mineração, Via Campesina Internacional e Coordenadora Latino-Americana de Organizações do Campo acreditam que será possível, com união, “alcançar uma Guatemala com justiça social e bem-estar para a população”.
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