O Conselho Indigenista Missionário (Cimi) recebe hoje (21) o prêmio João Canuto 2010. A entidade será representada por seu vice-presidente, Roberto Antônio Liebgott, que credita a homenagem a atuação dos missionários e missionárias da entidade.
O prêmio, oferecido anualmente pelo grupo de pesquisa Trabalho Escravo, do Núcleo de Estudos de Políticas Pública em Direitos Humanos (Nepp-DH), da Universidade Federal do Rio de Janeiro, e pelo Movimento Humanos Direitos (MHuD), tem por objetivo dar visibilidade a empreendedores sociais e organizações rurais e urbanas que se dedicam à defesa dos direitos humanos.
Este ano, além do Cimi, receberão homenagens o Comitê Popular pela Erradicação do Trabalho Escravo no Norte Fluminense; Alexandre Anderson; MV Bill (estes três pelo Rio de Janeiro e os demais representando as demais regiões do país); Leonardo Sakamoto; Movimento 11 de Dezembro, de Santo Antônio de Jesus, Bahia; Zilda Arns, in memoriam; Dom Xavier Gilles de Maupeou d´Ableiges e o Instituto Materno-Infantil de Pernambuco (Imip).
Como nas edições anteriores, a premiação deste ano acontecerá durante as atividades do VII Fórum Anual do MHuD, que nesta ocasião debate o tema “Escravidão Contemporânea e Questões Correlatas”. O prêmio será entregue a partir das 18h no auditório Manuel Maurício do CFCH, no Campus da Praia Vermelha, no Rio de Janeiro.
Homenageado
A homenagem ao Cimi é resultado da atuação da entidade junto aos povos indígenas do país. O Conselho é uma organização vinculada à Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB).
O Cimi conta atualmente com 114 equipes de trabalho, formadas por leigos e religiosos, que atuam em diversas regiões do país. As atividades juntos às comunidades indígenas tem como princípios o respeito pela alteridade indígena e sua pluralidade étnico-cultural, bem como a opção e compromisso com a causa indígena dentro de uma perspectiva mais ampla de uma sociedade democrática, justa e solidária.
Para o vice-presidente da entidade, a premiação vem em função da luta do Conselho pela garantia de direitos dos povos indígenas. “O prêmio faz um reconhecimento ao trabalho que os misssionários e missionárias do Cimi vêm desenvolvendo ao longo de quase 40 anos pela defesa dos direitos dos povos indígenas”.
Liebgott fala ainda sobre a importância da iniciativa: “Essa premiação é de suma importância porque a ação missionária recebe acompanhamento de outros setores da sociedade, não somente aqueles atrelados à causa indígena. O acompanhamento e apoio vem inclusive de artistas e intelectuais, que nos rendem essa homenagem”.
O movimento indígena já recebeu outras homenagens do Prêmio João Canuto por sua atuação junto aos povos indígenas. Em 2006, dom Pedro Casaldáliga, um dos fundadores do Cimi, também foi premiado.
Premiações
Ao longo de sua existência, o Conselho Indigenista Missionário vem recebendo seguidas homenagens por sua atuação. Em 2009, a entidade recebeu o Prêmio Victor Gollancz, da entidade alemã Associação para Povos Ameaçados (GfbV). No ano anterior, o Cimi recebeu o IX Prêmio USP de Direitos Humanos, na categoria institucional. A premiação homenageou pessoas e instituições que, através de suas atividades exemplares, contribuíram para a difusão e divulgação dos direitos humanos no Brasil.
Este ano, além da presente homenagem, Dom Erwin Kräutler, presidente da entidade e bispo da Prelazia do Xingu, foi um dos quatro ganhadores do Prêmio Right Livelihood 2010, o prêmio Nobel Alternativo da Paz. Dom Erwin foi homenageado também com o Prêmio de Direitos Humanos José Carlos Castro, oferecido pela Ordem dos Advogados do Brasil, Seção Pará.
MhuD
O Movimento Humanos Direitos atua diretamente por meio de execução de projetos, programas ou planos de ações desenvolvidas em prol da paz e dos direitos humanos. Seu trabalho está voltado para os problemas do trabalho escravo, dos abusos praticados contra crianças e adolescentes e sobre as questões que envolvem meio ambiente e comunidades tradicionais, como as indígenas e quilombolas.
Diversos artistas e intelectuais fazem parte do quadro de associados do Movimento. Entre eles, os atores Chico Diaz, Carla Marins, Camila Pitanga, Vagner Moura, Pepita Rodrigues, Osmar Prado, Letícia Sabatella e Dira Paes.
Prêmio
O nome do Prêmio é uma homenagem ao primeiro presidente do Sindicato dos Trabalhadores Rurais do Rio Maria, no Pará, João Canuto de Oliveira, assassinado em dezembro de 1985. Caso que levou o Brasil à condenação pela Corte Interamericana de Direitos Humanos da OEA, tanto pela demora no julgamento do crime, como pelo fato de o Estado não ter garantido sua segurança, apesar de ter recebido as denúncias do sindicalista pelas ameaças sofridas.
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