No dia 11 de setembro de 2009, Dia Nacional do Cerrado, estiveram em Brasília milhares de brasileiros, dos estados de Minas Gerais, Goiás, São Paulo, Mato Grosso Sul, Mato Grosso, Maranhão, Tocantins, Piauí, Rondônia, Roraima, Bahia e Distrito Federal. Saíram de suas casas tão distantes e vieram se somar com tantos outros brasilienses nesta capital fincada no coração do Cerrado. Vieram a Brasília com um único propósito: Evitar que o Cerrado brasileiro desapareça, deixando somente poeira e lembranças.
Hoje, 20 de outubro de 2010, estamos novamente aqui em Brasília. Queremos manifestar as nossas preocupações e indignação frente aos rumos sombrios que tomam conta da agenda eleitoral. Como nos tempos bélicos dos generais, do DOPS, SNI, setores da elite conservadora da sociedade se mobilizam aterrorizando a sociedade brasileira associando candidaturas com imaginários religiosos. Uma estratégia suja de misturar a religiosidade popular, tão cara em nossas comunidades tradicionais, com demandas de políticas que avançam na contramão das conquistas que vimos germinar e crescer nestes últimos oito anos e que precisam ser consolidadas na democracia brasileira.
Hoje, 20 de outubro estamos em Brasília. Representamos uma parcela significativa dos povos e comunidades tradicionais dos cerrados que antes nunca aqui pusemos os nossos pés. Uma parcela significativa da população brasileira que até então estava totalmente à margem das políticas públicas. Uma parcela significativa da população responsável por algumas das características da nossa nacionalidade Brasileira alem de abastecer com gêneros alimentícios e outros produtos necessários à existência humana mercados locais, regionais, nacional e internacionais.
Somos fiadores de uma política que enxerga o Brasil como uma nação multicultural e biodiversa. Onde o desenvolvimentismo a qualquer custo e o conservacionismo de uma natureza mítica e intocável devem dar lugar a uma abordagem onde o patrimônio natural e cultural devem ser fundadores de uma nova ordem política. Onde florestas, savanas, cerrados, caatingas, campos, restingas, manguezais, veredas e os seus povos devem ser reconhecidos, respeitados e considerados em uma estratégia de desenvolvimento e de sustentabilidade nacional e planetária.
Viemos aqui manifestar o nosso apoio à candidatura de Dilma Rousseff cujo projeto de governo privilegia a democratização econômica em nosso pais e para reivindicar a construção de uma Plataforma Socio-ambiental para os Cerrados Brasileiros onde as políticas ambientais, de produção e uso sustentável sejam ancorados no reconhecimento dos territórios dos povos e comunidades tradicionais.
Braulino Caetano dos Santos
Geraizeiro e Representante da Rede Cerrado na Comissão Nacional de Povos e Comunidades Tradicionais
Enviado pela Associação Nacional de Agroecologia – ANA.