Dois Projetos Radicalmente Diferentes

Prof. Dr. Durval Muniz de Albuquerque Júnior*

Estamos num momento decisivo da vida brasileira, onde qualquer omissão pode ser imperdoável. Eu que faço parte da parcela ainda privilegiada de brasileiros que conseguiu concluir um curso superior e fazer uma formação pós-graduada, não ficaria com a consciência tranqüila se não viesse a público, neste momento, com o uso daquilo que sei fazer: refletir, pensar, para tentar contribuir no sentido de dar um mínimo de racionalidade a um processo eleitoral que, muito pela influência de determinados setores da mídia, mas infelizmente também com a participação decisiva de candidaturas como a de José Serra e Marina Silva, descamba para se tornar uma discussão obscurantista, rasteira, mistificadora e preconceituosa, sobre temas e aspectos nomeados genericamente de “valores”, que interessam de perto aos setores mais conservadores e retrógrados da sociedade brasileira, fazendo ressuscitar dos porões das almas, das mentes e do interior da sociedade forças e subjetividades microfacistas.

Dirijo este texto àqueles que fazem parte como eu desta parcela letrada da sociedade, notadamente, daqueles alojados no interior da Universidade, e que, para minha surpresa e decepção, vêm manifestando a intenção de votar em José Serra no segundo turno das eleições. Como estou escrevendo para pessoas que julgo estar sob o império da racionalidade nem me vou ocupar de rebater os motivos e argumentos apresentados para não se votar em Dilma Rousseff em uma das campanhas mais sórdidas, mais caluniosas, injuriosas e preconceituosas já levadas a efeito no país, com a participação decisiva do candidato Serra e da mídia golpista que o apóia, a mídia que medrou e engordou durante a ditadura militar, campanha só comparável àquela de 1989, que levou ao poder o queridinho das elites brancas da época: o caçador de Marajás, Fernando Collor, (e todos sabem no que resultou aquela aventura amparada em retórica e práticas tão farisaicas, despolitizadoras e moralistas como as que embasam a atual candidatura tucana). (mais…)

Ler Mais

Colombia: Dirigente y comunicador indígena del Cauca es asesinado

Servindi, 17 de octubre, 2010.- Otro atentado más contra las comunidades nativas del Cauca. Tras dos meses de amenazas, fue asesinado en presencia de su esposa e hija el dirigente indígena Rodolfo Maya Aricape (34) el pasado jueves por la noche. Los responsables del asesinato son los grupos armados ilegales que interpretan la neutralidad indígena frente al conflicto como complicidad con el bando contrario.

Maya Aricape era el secretario general del cabildo indígena López Adentro,  en el pueblo de Páez,  municipio de Caloto y lo habían conminado a abandonar la comunidad. De nada valió que recurriese a las autoridades: nunca recibió protección. El dirigente integraba el Tejido de Comunicaciones, programa que le permitía realizar tareas en el área de información y comunicación dentro de la comunidad. Con una cámara de video en mano, asistía a las asambleas, mingas y movilizaciones indígenas con el fin de registrar las reivindicaciones del Cauca y las tareas comunitarias vinculadas al desarrollo y bienestar de su pueblo. (mais…)

Ler Mais

O voto do Nordeste: para além do preconceito – por Tânia Bacelar

O Nordeste liderou o crescimento do emprego formal no país com 5,9% de crescimento ao ano entre 2003 e 2009, taxa superior a de 5,4% registrada para o Brasil como um todo, e aos 5,2% do Sudeste, segundo dados da RAIS. Daí a ampla aprovação do Governo Lula em todos os Estados e nas diversas camadas da sociedade nordestina se refletir na acolhida a Dilma. Não é o voto da submissão – como antes – da desinformação, ou da ignorância. É o voto da auto- confiança recuperada, do reconhecimento do correto direcionamento de políticas estratégicas. É o voto na aposta de que o Nordeste não é só miséria (e, portanto, “Bolsa Família”), mas uma região plena de potencialidades. O artigo é de Tânia Bacelar de Araújo, especialista em desenvolvimento regional, economista, socióloga e professora do Departamento de Economia da UFPE (Universidade Federal de Pernambuco), publicado por Carta Maior, 16-10-2010. Eis o artigo.

A ampla vantagem da candidata Dilma Rousseff no primeiro turno no Nordeste reacende o preconceito de parte de nossas elites e da grande mídia face às camadas mais pobres da sociedade brasileira e em especial face ao voto dos nordestinos. Como se a população mais pobre não fosse capaz de compreender a vida política e nela atuar em favor de seus interesses e em defesa de seus direitos. Não “soubesse” votar. (mais…)

Ler Mais

Terreno da refinaria deve ser liberado até novembro

Agente comunitária anacé reclama dos problemas gerados para a comunidade (JORGE ALVES)
Indígenas da etnia anacé e moradores da região no Complexo Industrial e Portuário do Pecém (Cipp) reclamam de problemas como poeira, barulho, drogas e violência. Até o próximo mês o terreno do empreendimento deverá estar liberado
No centro do debate em relação à liberação do terreno da refinaria, 53 famílias indígenas da etnia anacé se sentem ilhadas. O terreno destinado a elas, no sítio do Bolso, está localizado entre quatro empreendimentos no Complexo Industrial e Portuário do Pecém (Cipp).

Ao norte fica a Zona de Processamento de Exportação (ZPE) e ao sul a Companhia Siderúrgica do Pecém (CSP). A termelétrica energia Pecém e a Refinaria Premium II completam as extremidades.

“Não tem como viver assim. Nós queremos a terra, mas também queremos viver com dignidade, com qualidade de vida”, destacou a agente comunitária anacé Andréa Coelho. Enquanto separava os cajus das castanhas ao lado da filha, Andréa contava como a vida da comunidade mudou consideravelmente com os empreendimentos. (mais…)

Ler Mais

Achille Mbembe: “Pela abolição das fronteiras herdadas da colonização”

Mbembe

Em Buala

Saindo da grande escuridão – Ensaio sobre a África descolonizada. É o titulo do último livro de Achille Mbembe, que acaba de sair pela “La Découverte”. Norbert N. Ouendji leu atentamente este livro, rico e bem documentado, escrito em memória de Franz Fanon e Jean-Marc Ela, dois “pensadores do futuro”. Mesmo com a sua agenda cheia, o autor, atualmente lecionando nos Estados Unidos (Duke University), aceitou esclarecer idéias que permitem uma melhor compreensão de sua filosofia e trajetória. Nesta entrevista, vai além do texto centrado em questões ligadas à colonização e aborda assuntos que estão na ordem do dia dos debates africanos atuais.

Achillle Mbembe intima o continente a “sair da escuridão”. O seu estado de sono profundo atual preocupa-o. Ao longo do livro, vai ao encontro de Franz Fanon ao convidar os africanos a olharem para lá da Europa se querem “erguer-se e caminhar”…

É que, simplesmente, um novo mundo se desenha aos nossos olhos. A Europa deixou de ser o centro do mundo, ainda que continue um ator importante internacionalmente. Destruída pelo narcisismo e pela ferida do estatuto perdido, gira em torno de si mesma e os africanos perdem tempo querendo se erguer tendo a Europa como modelo ou se envolvendo em disputas de outros tempos.

A China tera então algo a dizer? Pergunto porque sublinhou que um dos fatos mais importantes dos próximos 50 anos será a presença, em África, do império chinês, onde numerosos investimentos são já  visíveis em muitos países do continente.

Para que o projeto sino-africano se torne um evento positivo de suas histórias, os africanos terão que lhe dar corpo e alma. No momento, este projeto segue uma lógica puramente extrativista e desta forma será preciso reforçar as bases materiais dos reinos locais e das classes sociais que as sustentam. (mais…)

Ler Mais