Padre e bispos da CNBB-SP cometeram crime eleitoral

Integrantes de ala ultra-conservadora da Igreja Católica distribuíram panfleto na saída de missas e fizeram proselitismo contra a candidata Dilma Rousseff, no dia da eleição. O bispo de Jales, Demétrio Valentini, denunciou que integrantes da Regional Sul da CNBB, entre eles o bispo de Guarulhos, Dom Luiz Gonzaga (foto) articularam trama para induzir os fiéis a acreditar que o panfleto expressava posição da CNBB, o que foi negado pela direção da entidade. “A nossa instituição foi instrumentalizada politicamente com a conivência de alguns bispos”, denunciou o bispo de Jales. Prática constitui crime eleitoral punível com detenção de seis meses a um ano.

Marco Aurélio Weissheimer

O padre Paulo Sampaio Sandes, articulado com o bispo de Guarulhos, Dom Luiz Gonzaga, e um grupo de outros integrantes da ala ultra-conservadora da Igreja Católica cometeram crime eleitoral no domingo (3), dia da realização do primeiro turno da eleição presidencial no Brasil. Conforme matéria de Maria Inês Nassif, publicada no jornal Valor Econômico (04/10/2010), Sandes, Gonzaga e outros elementos distribuíram propaganda eleitoral e fizeram proselitismo em espaço público valendo-se de sua condição de religiosos contra a candidata do PT à presidência da República, Dilma Rousseff, que, na avaliação dos citados, seria contrária aos “valores cristãos”.

Esse tipo de prática é expressamente proibido pela legislação eleitoral brasileira. O panfleto distribuído pelos religiosos no dia da eleição é assinado pelos bispos Dom Nelson Westrupp, Dom Benedito Beni dos Santos e Dom Airton José dos Santos.

O artigo 37, da Lei n° 9.504, proíbe esse tipo de manifestação em bens de uso comum. O parágrafo 4°, do referido artigo, inclui os templos religiosos nesta categoria:

“Bens de uso comum, para fins eleitorais, são os assim definidos pela Lei n° 10.406, de 10 de janeiro de 2002 – Código Civil e também aqueles a que a população em geral tem acesso, tais como cinemas, clubes, lojas, centros comerciais, templos, ginásios, estádios, ainda que de propriedade privada”.

E o artigo 39, da mesma lei, afirma que:

“Constituem crimes, no dia da eleição, puníveis com detenção, de seis meses a um ano, com a alternativa de prestação de serviços à comunidade pelo mesmo período, e multa no valor de cinco mil a quinze mil UFIR”:

(…)
II – a distribuição de material de propaganda política, inclusive volantes e outros impressos, ou a prática de aliciamento, coação ou manifestação tendentes a influir na vontade do eleitor.
II – a arregimentação de eleitor ou a propaganda de boca de urna
III – a divulgação de qualquer espécie de propaganda de partidos políticos ou de seus candidatos, mediante publicações, cartazes, camisas, bonés, broches ou dísticos em vestuário.
III – a divulgação de qualquer espécie de propaganda de partidos políticos ou de seus candidatos.

A matéria relata que, no dia da eleição, o padre Paulo Sampaio Sandes expôs na homilia o suposto veto da Igreja Católica brasileira a Dilma e a todos os candidatos do PT. Segundo informa Maria Inês Nassif, o padre Paulo faz parte de uma congregação tradicional que é contra, entre outras coisas, o aborto, a união civil de homossexuais e a adoção de crianças por casais de homossexuais. Na saída da missa, o padre distribuiu uma carta onde a regional da CNBB pede aos fies que não votem em candidatos que defendem o aborto, nomeando os candidatos petistas. Não foi um caso isolado.

O bispo de Jales, Demétrio Valentini (foto), denunciou que integrantes da Regional Sul, contando com a conivência de alguns bispos, articularam uma trama para induzir os fiéis paulistas a acreditarem que a CNBB nacional tinha imposto um veto aos candidatos do PT nessas eleições, o que é negado pela direção da entidade. “Estamos constrangidos, pois a nossa instituição foi instrumentalizada politicamente com a conivência de alguns bispos”, disse Valentini ao Valor.

A Regional Sul 1, que abrange as dioceses do Estado de São Paulo, recomendou que às paróquias que distribuíssem o “Apelo aos Brasileiros”, que acusa o PT de ser parceiro do “imperialismo demográfico representado por fundações norteamericanas” e de “apoiar o aborto”. Apesar do desmentido da CNBB nacional, o documento foi distribuído em diversas igrejas de São Paulo, causando, segundo a opinião de diversos analistas e da maioria dos meios de comunicação um considerável prejuízo à candidata.

http://www.cartamaior.com.br/templates/materiaMostrar.cfm?materia_id=17026&boletim_id=772&componente_id=12811

Comments (5)

  1. Agora caiu a fixa!!!! É POR ISSO QUE EM SP OS POLITICOS DO DEMOTUCANOS SE PERPETUAM NO PODER, É LAMENTÁVEL…que democracia chinfrim!!.
    Políticos e padres safados engananando o pobre povo de SP(e agora no Brasil).
    Estou enojado com a postura destes vermes.Se bem que tem muito rato na igreja que defendem essas baixarias. ACORDA GENTE!!!!!!!!! VAMOS FAZER POLITICA MAIS LIMPA!!!!. Chega de manipular esse povo massacrados pelos politicos da direita reacionária e retrógrada!!!.Leram a reportagem dos panfletos!!!
    E QUE DEUS OS PERDOE… HIPÓCRITAS!!!.PF NELLES!!!.

  2. Que hipocrisia! Muitos se dizem católicos (não sei qual Igreja pertencem)mas não fazem uma crítica séria, construtiva, que leve a Igreja Católica a repensar sua posição. Apenas criticam como crianças que não tiveram suas vontades atendidas. A Igreja Católica é assim, cheia de “fiéis” prontos a justificar sua falta de fé e de comprometimento. Seguem, infelizmente, a alguns pastores que defendem, apesar das evidências da história, determinado partido, independetemente do modo como porcedem seus dirigentes.
    Como diz um arcebispo que conheço e por quem tenho profundo respeito: a Igreja não perde fiéis, perde infiéis!
    A quem somos fiéis? a um partido político ou ao Evangelho?

  3. ISSO É UM CRIME ELEITORAL E AS ELEIÇÕES PARA GOVERNADOR EM SP DEVERIAM SER ANULADAS E IGREJA PUNIDA.
    Afinal que democracia é essa?. Ja nao chega alguns orgãos de comunicação defenderem esses psdbestas??.A igreja deveria ficar fora, neutra, e cuidar dos padres pedófilos nao acham????.

  4. Sempre fui devota à Igreja Católica,mas ultimamente me questiono se continuarei nessa devoção, pois já me afastei das missas e deixei de colaborar com o dízimo também!
    Motivos justos, pois a cada dia os padres, bispos, freis estão me decepcionando pela suas posições políticas pessoais e de “interesses” (financeiros prol).
    Sendo formadores de opiniões, não deveriam usar o pulpito da Igreja como palanque eleitoral de candidatos recionários e conservadores, que não gostam de pobres, nordestinos e negros, obs: que são esses cidadões que sustentam as Igrejas.
    A CNBB Nacional deveria ir a televisão em rede nacional e acabar com esta sacanagem dos seus subordinados hipócritas!!!

  5. Impressionante como as Igrejas foram instrumentalizadas para dengrir a continuidade de um projeto popular que vem dando passos no país.Acredito que muitos dos fieis atólicos e evangelicos nem selembram do que fizeram com Lula nas outras eleições.E muitas destas familias com certeza são beneficiarias dos projetos do GovernoLula…

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