Por Dimmi Amora, na Folha de São Paulo/Jornal da Mídia
Quase 40 anos depois de Sá & Guarabyra cantarem na música ”Sobradinho” que ”o sertão vai virar mar”, o sertão está voltando a ser sertão. O lago baiano criado pela represa que inspirou a música está praticamente no volume morto, com cerca de 2% de seu volume útil, nos menores níveis de sua história. É o que mostra neste sábado (26) reportagem do jornal Folha de São Paulo.
Muitas das cidades cantadas na música que foram alagadas com a formação do lago – que é o maior das hidrelétricas do país (o triplo do tamanho da capital paulista) – estão com ruínas visíveis.
A previsão era que ele chegasse ao volume morto neste mês, mas uma chuva inesperada no norte de Minas Gerais e da Bahia fez o reservatório subir pela primeira vez no ano, saindo de 1% para 1,98% na quarta-feira (23).
José Airton, diretor de operações da Chesf (Companhia Hidrelétrica do São Francisco), diz não há segurança de que vá seguir enchendo.
Se Sobradinho chegar ao volume morto, as duas das seis turbinas da usina que ainda estão operando terão de ser desligadas. Serão 170 MWh que deixam de ser gerados para o sistema elétrico que terão de ser compensados com energia mais cara.
O TCU (Tribunal de Contas da União) aprovou recentemente um relatório final mostrando que o programa de revitalização do rio São Francisco é um fracasso. Quando começou a fazer o projeto de transposição, o governo prometeu investir R$ 2,7 bilhões na revitalização do rio. Em 2012 o TCU apontou que o dinheiro era gasto de forma dispersa, sem uma política efetiva para a melhora do rio, o que tornava o gasto ineficiente.
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Destaque: Foto de Marco Aurélio Martins/Folhapress.