Com arcos e flechas, índios mantêm bloqueio e cobram pedágio em Mato Grosso

Grupo indígena interdita rodovia há quatro dias como forma de protesto. Manifestantes exigem até R$ 50 de motoristas em trecho da BR-174.

Por Kelly Martins, do G1 MT

Um grupo de indígenas mantém bloqueio e cobra pedágio neste sábado (23), em trecho da BR-174, entre os municípios de Comodoro e Pontes e Lacerda, a 677 e 483 km de Cuiabá, respectivamente. Mais de 150 índios da  etnia Nhambiquara estão na rodovia há, pelo menos, quatro dias, segundo a Polícia Rodoviária Federal (PRF), como forma de protesto para melhorias nas aldeias.

Eles cobram R$ 25 para o tráfego de carros de passeio e R$ 50 para ônibus e caminhões. Além disso, dificultam a passagem com cones e tocos e os motoristas que tentam passar têm os veículos atingidos por flechas. A PRF informou que a manifestação ocorre de forma pacífica na região e há congestionamento. Uma equipe de policiais rodoviários está no local para acompanhar a situação.

Os índios realizam o bloqueio das 6h às 18h, e retomam a interdição no dia seguinte. Eles usam placas de ‘pare’ e ‘siga’ para sinalizar e deixam que um veículo por vez passe pela via.  Por meio de nota, a Fundação Nacional do Índio (Funai), disse que os indígenas cobram o cascalhamento de uma estrada de acesso às comunidades indígenas da região, instalação de energia elétrica em todo a área indígena, além da liberação para a construção de uma Pequena Central Hidrelétrica (PCH), no Rio Juína, que fica nos limites das terras indígena dos povos Nhambiquara, a fim de receberem indenização da empresa responsável pela obra.
Eles cobram R$ 25 de carros pequenos e R$ 50 de caminhões.  Foto: PRF-MT
Eles cobram R$ 25 de carros pequenos e R$ 50 de caminhões. Foto: PRF-MT
A Funai informou também que todas as reivindicações apresentadas pelos indígenas vem sendo discutidas e que providências já estão sendo tomadas. O cascalhamento, por exemplo, não pode ser feito devido às chuvas, de acordo com o órgão. Já a energia deve ser instalada pela concessionária de energia do estado. “Parte das aldeias já tem energia elétrica e a outra parte aguarda pelo cronograma, que segundo a empresa de energia, responsável pelo serviço, já está sendo executado”, diz trecho do documento.

Quando à apresentação do Plano Básico Ambiental, com análise da Funai, para a construção da PCH, a Funai disse aguardar documentos que devem ser enviados pela empresa que irá executar a obra. No mês passado, os índios dessas comunidades bloquearam esse mesmo trecho e pararam de cobrar pedágio depois que a Funai prometeu dar andamento às reivindicações deles no prazo de 30 dias.

Destaque: Manifestantes param veículos para cobrar pedágio. Foto: Ailton Antônio da Silva/PRF

 

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