Por Conselho Indigenista Missionário MA, em Vias de Fato
Desde o dia 18 de dezembro, vinte e seis indígenas Ka’apor, realizam o controle do incêndio na região sudoeste e oeste do território Alto Turiaçu no Maranhão, por conta da finalização do trabalho do Prevfogo do Ibama, após 10 dias na região.
No domingo (20), pela manhã, os indígenas depararam-se com madeireiros em um dos ramais que tinha sido fechado pelos indígenas. Para continuarem com a retirada ilegal da madeira, os madeireiros construíram uma ponte sobre o rio Turi. Os indígenas então, atearam fogo em um caminhão e 2 motocicletas e apreenderam sete não indígenas para entregar para o Ibama. Um deles, escapou e avisou outros madeireiros no povoado Nova Conquista, município de Zé Doca.
A partir daí, o que se seguiu, foi um cenário de terror. Mais de 20 madeireiros armados, entraram no território dos Ka’apor. O conflito foi estabelecido. Na ocasião, segundo indígenas, os madeireiros mandaram eles saírem do mato e seguirem na frente de suas armas. Os madeireiros então, atiraram nas costas dos indígenas que correram para o mato.
Até o momento, 02 Ka’apor foram baleados e outros 04 estão desaparecidos. Os não indígenas, fecharam no domingo a entrada da aldeia, e ontem invadiram novamente, agredindo homens, expulsando mulheres e crianças. Os indígenas denunciam que ainda encontram-se dentro do território, 02 caminhões e 02 tratores.
O mais revoltante é que policiais estiveram na região, acompanhados do prefeito de Zé Doca, mas nada fizeram. Ouviram apenas os não indígenas e retornaram para a cidade. No dia seguinte aumentou a perseguição em Zé Doca aos indígenas e aos aliados da causa indígena. Órgãos da imprensa, aliados dos madeireiros estão divulgando uma versão distorcida dos fatos, como se os indígenas tivessem causando o terror, quando na verdade estão sob ataque de perigosos bandidos.
Várias pessoas que prestam serviços e apoio aos indígenas estão ameaçados de morte, sendo perseguidas correndo o risco de se tornarem mais uma vítima dos fora da lei, ou “aliados da lei”, que atuam na região, assim como aconteceu com a liderança indígena, Eusébio Ka’apor, assassinado por madeireiros, em abril deste ano. Até agora, o crime segue impune.
O que nos causa perplexidade até agora, é a morosidade do governo do Estado e dos órgãos que deveriam atuar na proteção dos indígenas. Somente depois de recorrermos ao Ministério Público, recebemos a informação de que a Policia Federal e Civil, deslocaram-se para a região.
O conflito entre madeireiros e indígenas tem se intensificado desde que os indígenas Ka’apor iniciaram a retomada de seu território. Desde então, cresceu a perseguição à lideranças. Os Ka’apor denunciam ainda, que os madeireiros se apropriaram dos equipamentos de trabalho de mapeamento dos focos de incêndio e estão identificando as pessoas e fazendo ameaças.
Muitos dos municípios no entorno do território Ka’apor, vivem exclusivamente da exploração madeireira, no entanto, não podem fazer do seu principal pilar econômico a ilegalidade. Toda solidariedade ao Povo Ka’apor!
São Luis, 22 de dezembro de 2015
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Destaque: Indígena Ka’apor passa por estacas de madeira retiradas próximo ao território indígena Alto Turiaçu. Foto: Lunae Parracho.
Vivemos em um mundo muito louco! Se um mendigo com fome mata um passarinho para comer é preso! Bandidos desmatam a mata, roubam a madeira, maltratam e matam seres humanos e ficam por aí soltos e impunes. Uma vergonha! Cadê a justiça meu Deus! Isso é revoltante!