Por Luiz Cláudio Brito Teixeira, em Combate Racismo Ambiental
Mesmo com a floresta em chamas, invasores continuam cortando madeira na Terra Indígena Alto Turiaçu. Uma equipe de 26 guardas ambientais Ka’apor, com o apoio de uma equipe do Prevfogo vinda do Ceará, estão na mata combatendo os incêndios na floresta. A chuva que caiu na região nos últimos dias ajudou a apagar muitos focos, mas em alguns locais a ação dos guardas ainda se faz necessária.
Neste domingo, 20/12, a equipe de guardas Ka’apor flagrou invasores que vieram do povoado de Nova Conquista, município de Zé Doca, cortando madeira dentro da terra indígena, próximo a aldeia Turizinho. Esses invasores fazem parte de um contingente maior que já foi expulso do território dos Awá-Guajá em ação do Ibama junto com a Polícia Federal.
Imediatamente, a equipe de guardas apreendeu os equipamentos e prendeu os invasores, mas um conseguiu escapar e reuniu outros 30 homens armados, que retornaram ao local e atacaram o grupo de Ka’apor, que se dispersaram.
Dois indígenas feridos foram levados para a aldeia e lá se encontram escondidos, com medo de irem à cidade, pois a imprensa local tem divulgado falsas informações, acusando os Ka’apor pelo conflito. Outros quatro indígenas estão desaparecidos.
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Luiz Cláudio Brito Teixeira é professor de História do projeto de educação Ka’a namõ jumu’e ha katu – Aprendendo com a Floresta, do povo Ka’apor.
Destaque: Os guerreiros Ka’apor imobilizam invasores durante a operação realizada em 7 de agosto de 2014. Foto de Lunaé Parracho /Reuters.
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Em tempo:
Segundo informação recebida e encaminhada por Henyo Barretto, “a entrada da aldeia está fechada, há 2 caminhões e 2 tratores dentro da área, e a Funai local está buscando apoio para resgatar os baleados, encontrar os desaparecidos e apreender o maquinário. A rádio e a TV em Zé Doca estão dizendo que os indígenas estão fazendo brancos reféns, o que é mentira!” (recebido por WhatsApp de um servidor da Funai local).
Lamentável. O Estado brasileiro precisa redefinir as suas políticas de reforma agrária, inclusive, aumentando o número de seus agentes, em regiões, como esta, onde a luta pela posse da terra, ou quando não a exploração predatória dos recursos naturais das reservas indígenas, continuam vulneráveis à sucessivas invasões de grupos clandestinos, o que só acirra os já fadados conflitos agrários.