A Black Friday será o recorte através do qual os sociólogos do futuro estudarão o nosso tempo.
Não sei se esse vídeo que está bombando na rede traz cenas apenas da última sexta de promoções nos Estados Unidos. E nem importa.
Você acha que está com aquele vazio difícil de preencher ou ficando “transparente” para seus amigos e colegas? Pensa que a solução é adquirir um produto e, através dele, o pacote simbólico de cura e inserção que traz consigo? Acredita que precisa dar um presente para alguém a fim de provar que ama? Objetos de desejo coletivo são realmente úteis para você? Ou só está procurando um estilo de vida pré-fabricado para ser encaixar pois trabalha tanto que não consegue construir o seu próprio? Quanto tempo depois de uma compra impulsiva você percebe que aquilo não lhe trouxe felicidade? E quanto tempo levou até a culpa te consumir por dentro?
Montar uma pipa com papel de seda, organizar um piquenique no parque, ir a algumas exposições bem legais, pegar emprestado um bom livro, abraçar seu filho ou filha, perder-se num sarau literário e, é claro, ir à praia, se você teve a sorte de viver à beira-mar e não ser barrado pela polícia militar do Rio ao vir da Zona Norte, ou na beira de um rio, se ele não tiver sido consumido pela lama da Vale e BHP tornando a vida insustentável, não custam quase nada.
Mas são tão grandes que não cabem em caixas de papelão, não podem ser embrulhadas com papel de presente ou mesmo entregues por serviço de encomendas expressas. E, certamente, você não vai querer devolve-las decepcionado com a realidade.