Segundo organizações sociais, a reforma política encabeçada pelo Congresso seria um retrocesso ainda maior do sistema político atual
Nesta terça-feira (26), mais de mil pessoas de todas as regiões do país estarão em Brasília para denunciar a votação da PEC 352, a chamada PEC da Corrupção, prevista para ser votada amanhã na Câmara dos Deputados.
Segundo as entidades contrárias à proposta, a PEC 352 pretende legalizar o financiamento empresarial de campanha, constitucionalizando medidas que agravam ainda mais as distorções do sistema político brasileiro.
Na avaliação das organizações, a reforma política nos moldes da proposta pela Comissão Especial da Reforma Política representa um retrocesso. Com uma possível aprovação da PEC e a legalização do financiamento privado, o poder econômico terá ainda mais peso sobre o atual sistema político, onde se elege quem tem mais dinheiro.
“O conteúdo desta PEC representa um retrocesso para a democracia, principalmente porque constitucionaliza o financiamento empresarial de campanha. A partir deste financiamento das empresas é que se inicia o processo de corrupção no país, onde os parlamentares eleitos passam a representar os interesses das empresas e não de seus eleitores, o que representa um verdadeiro estelionato eleitoral”, destaca Paola Estrada, da Secretaria Operativa Nacional do Plebiscito Constituinte.
A mobilização contra a PEC da Corrupção se iniciará a partir das 10h, com a Plenária Nacional do Plebiscito pela Constituinte, campanha que reúne mais de 500 organizações de todo país, e que em setembro de 2014 mobilizou cerca de 8 milhões de brasileiros num plebiscito popular por uma Constituinte Exclusiva e Soberana do Sistema Político. No período da tarde, será realizado o Ato contra a PEC no Congresso Nacional.
Outros pontos
O projeto defendido pelo presidente da Câmara, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), prevê ainda o voto facultativo, o fim da reeleição para cargos do Executivo e a implantação da chamada cláusula de barreira, exigência de um mínimo de votos para que um partido tenha direito a ocupar assentos no Congresso.
O PMDB, partido que mais arrecada em eleições, é o maior interessado na continuidade do financiamento empresarial de campanhas. Nas eleições de 2014, o Diretório Nacional do partido declarou ao Tribunal Superior Eleitoral ter recebido R$ 208,1 milhões.
Segundo deputado federal mais beneficiado por doações, Cunha afirmou ter arrecadado R$ 6,8 milhões. O partido é, por sinal, o principal alvo de uma investigação da Procuradoria Geral da República a respeito de contribuições que podem ter sido abastecidas com recursos desviados da Petrobras nas eleições de 2010. A Procuradoria investiga a origem de doações de empreiteiras no valor de R$ 32,8 milhões à legenda. Para completar, Cunha está na lista de investigados da Operação Lava Jato.