Vazamento de óleo diesel compromete abastecimento de famílias e contamina rio das Posses, que atravessa a região
Por Rafaella Dotta, no Brasil de Fato
Moradores do bairro Quarto Depósito, na cidade de Santos Dumont, na Zona da Mata de Minas Gerais, denunciam que estão tomando água contaminada por óleo diesel. O problema teria acontecido depois de um vazamento no pátio da antiga rede ferroviária, onde estão estocados milhares de litros de óleo. Órgãos públicos não decidiram como resolver a situação.
Em 20 de fevereiro, após início de obras de manutenção da Copasa (rede de tratamento e distribuição de água em Minas Gerais), moradores perceberam que a água encanada estava com cor e textura diferente, parecida a óleo diesel. Durante cinco dias, cerca de 50 famílias beberam e cozinharam com essa água, sem ter certeza do ocorrido, conta Marco Evangelista, morador do bairro.
“Eu chamei a polícia ambiental, mas como era final de semana eles não trabalhavam. Acabaram vindo, mas não interditaram a água. Ficou uns cinco dias servindo água com óleo diesel pra todo mundo”, lembra. Marco denuncia, ainda, que a contaminação pode chegar ao rio das Posses, que cai no rio do Pinho, afluente do Paraibuna.
A área contaminada atinge o terreno da empresa MRS, o terreno do Instituto Federal de Tecnologia (Ifet) Santos Dumont e três ruas do bairro Quarto Depósito, com aproximadamente 50 casas. A contaminação foi identificada pelo odor de óleo na água, mas até o momento não houve análises científicas sobre o caso.
Intoxicação
Para o médico Délio Campolina, especialista em contaminação e integrante da Sociedade Brasileira de Toxicologia, é necessário realizar um exame da água e do solo para verificar a quantidade de intoxicação e seus riscos. “Óleo diesel é parecido com querosene, o cheiro é forte, mas pode ser que a quantidade seja mínima. Só um diagnóstico para saber os danos às pessoas”, explica.
Soluções
A prefeitura da cidade, através da Secretaria de Obras e Serviços Públicos, afirma que o abastecimento de água foi retomado normalmente, não havendo questões com a Copasa. Porém, “ficou um passivo que requer estudos, sondagem e definir quem vai tomar providências”, diz o secretário Paolo Peduzzi, se referindo aos milhares de litros de óleo estocados no pátio da antiga ferrovia.
“Nós não temos recursos e nem técnicos para intervir na área, porque é muito oneroso”, afirma o secretário. Além disso, Paolo diz não ter sido procurado pelo governo federal para planejar soluções.
Segundo o fiscal da Secretaria do Meio Ambiente de Minas Gerais, Ronildo Valente, a responsabilidade pela situação é da Secretaria Nacional de Patrimônio, já que o terreno pertence à União. A Assembleia Legislativa de Minas Gerais vai discutir o tema em audiência pública nos próximos dias.
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Imagem: Cidade de Santos Dumont | Foto: Reprodução
Enviada para Combate Racismo Ambiental por José Carlos.