Por Flavia Villela – Repórter da Agência Brasil
A história indígena e os processos judiciais envolvendo a utilização de terras dos habitantes originais do Rio de Janeiro no século XIX são os principais temas da exposição “O Rio de Janeiro continua índio” aberta ontem (18), no Antigo Palácio da Justiça, centro da capital fluminense.
São 26 painéis temáticos contando a história dos primeiros povoadores que viviam no Rio há pelo menos 8 mil anos antes da chegada dos portugueses. Além dos painéis, nove processos jurídicos mostram aldeias indígenas no estado. A iniciativa é do Tribunal de Justiça do Rio de Janeiro, em parceria com o Museu do Índio/Funai. A exposição é gratuita e fica aberta até 31 de julho.
Curador da exposição, Carlos Augusto da Rocha Freire, antropólogo do Museu do Índio há 40 anos, explicou que os painéis foram divididos em grandes passagens históricas ao longo dos séculos. “Os temas são marcados basicamente pela guerra colonial, a escravidão indígena, luta pela terra, o processo civilizatório e protagonismo indígena”, informou.
“Também abordamos a presença guarani no estado, porque são os ancestrais mais antigos. Ainda hoje várias dessas aldeias estão presentes no litoral sul do estado”, explicou Rocha Freire.
Chefe de Serviço do Acervo do museu, Gilmar de Almeida Sá, coordenou o trabalho de pesquisa dos processos do sécilo XIX. “Realmente foi um trabalho de garimpo. Eles falam de regularização de posse das terras indígenas no município de Cabo Frio. Por esses documentos, é possível identificar determinadas propriedades que pertenciam aos índios”, acrescentou.
Para o professor José Ribamar Bessa Freire, coordenador do Programa dos Povos Indígenas, da Universidade do Estado do Rio de Janeiro (UERJ), a exposição mostrará uma documentação “invisível” sobre os indígenas. “A presença do índio no Rio é bastante documentada, mas não é divulgada na mídia nem na escola. Nos arquivos, nem sempre ela é visível. Há uma visão de que a história do Rio de Janeiro no século XIX é basicamente de negros. Não há muito material para trabalhar isso nas escolas. Por isso, seria interessante a visitação de escolas para suprir essa lacuna.”