Em estudo com 174 países, Organização Internacional do Trabalho mostra que disparidade entre campo e áreas urbanas ainda é grande, e que são necessários 10,3 milhões de profissionais de saúde no mundo
por Redação RBA
Um novo relatório da Organização Internacional do Trabalho (OIT) mostra que 56% das pessoas que vivem em zonas rurais em todo o mundo não têm acesso a serviços essenciais de saúde – mais que o dobro do registro nas zonas urbanas, onde 22% dos habitantes não têm cobertura. O relatório, que abrange 174 países, revela as grandes disparidades de acesso, sobretudo nos países em desenvolvimento.
Segundo a OIT, é na África que se encontra o número mais elevado: 83%. Os países mais afetados são também os que têm maior índice de pobreza. As maiores disparidades entre as áreas rurais e urbanas, contudo, são observadas na Ásia. Por exemplo, na Indonésia, a porcentagem de pessoas não cobertas é duas vezes mais elevada no campo do que nas cidades.
“Décadas de falta de investimento na área interromperam os esforços para desenvolver sistemas nacionais de saúde, o que resultou no abandono da saúde nas zonas rurais. Isso tem um custo humano enorme. A saúde é um direito humano e deveria ser garantida a todos os habitantes de um país”, declarou a diretora do Departamento de Proteção Social da OIT, Isabel Ortiz.
O estudo da OIT constata que sempre que o acesso à atenção médica está garantido pela lei, as pessoas nas zonas rurais são excluídas da atenção médica porque a legislação não se aplica onde eles vivem.
Mostra ainda que a situação se agrava pela falta de profissionais de saúde nas zonas rurais em todo o mundo e que, ainda que metade da população mundial viva nestas zonas, somente 23% da força de trabalho sanitária do mundo se destina a elas. A OIT estima que dos 10,3 milhões de trabalhadores de saúde que faltam em todo o mundo, 7 milhões deveriam ser designados para as zonas rurais.
África e América Latina são as duas regiões onde o problema é mais grave. Na Nigéria, por exemplo, mais de 82% da população rural está excluída dos serviços sanitários por conta do número insuficiente de trabalhadores da saúde, frente a 37% nas zonas urbanas.
A insuficiência de recursos está extremamente vinculada à falta de acesso aos serviços. O estudo da OIT mostra que a falta de recursos econômicos é quase duas vezes mais alta nas zonas rurais do que nas urbanas. Os déficits maiores se encontram na África. No entanto, enormes desigualdades existem também na Ásia e na América Latina.
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Imagem: Cortadores de cana ( fotógrafo Marcio Pimenta)
Enviada para Combate Racismo Ambiental por Ruben Siqueira.