Vladimir Platonow – Repórter da Agência Brasil
A construção de bases das unidades de Polícia Pacificadora (UPP) será feita em regime de urgência, sem licença ambiental ou título de propriedade dos terrenos. A medida foi anunciada ontem (6) pelo governador Luiz Fernando Pezão e publicada na página oficial do governo do estado, como resposta ao aumento dos conflitos entre criminosos e policiais militares lotados nas áreas pacificadas.
Pezão disse que vai arcar com a responsabilidade de reformar as bases das UPPs, a maior parte delas instalada em contêineres precários e sem oferecer segurança aos policiais, e criticou a burocracia necessária para a construção das novas instalações. “Há uma burocracia muito grande, que precisa ser vencida. Se ficarmos esperando título de propriedade, registro de imóveis, licença, vamos aguardar pelo resto da vida, e o policial continuará trabalhando em condições precárias.”
O governador disse que, por isso, decidiu construir as bases definitivas em caráter emergencial. “Se precisar responder a processo, responderei. As obras da Maré já começaram. A Assembleia Legislativa do Rio nos doou R$ 70 milhões para construirmos essas bases e o prefeito Eduardo Paes vai ajudar com a construção de pelo menos oito unidades.”
Pezão adiantou que convocará mais 6 mil policiais militares (PMs), assim que terminarem o curso de preparação, e destacou que só nos três primeiros meses do ano foram incorporados 1.100. Nas 38 comunidades ocupadas, são quase 10 mil PMs. O governador também destacou que os policiais que trabalham em UPPs estão sendo recapacitados, por meio de um programa de treinamento.
O corpo do menino Eduardo de Jesus, de 10 anos, morto na última quinta-feira (2), durante enfrentamento entre PMs e traficantes, no Complexo do Alemão, foi sepultado hoje, na cidade natal de sua família, Corrente, no interior do Piauí. Os parentes acusam um policial militar de ter dado o tiro que atingiu a criança, quando ela estava na porta de casa. Os gastos com a viagem da família e com o enterro foram custeados pelo governo do estado. Os policiais que participaram dessa ação foram afastados das ruas e tiveram as armas apreendidas.
A morte de Eduardo foi a quarta, em dois dias, no Complexo do Alemão, conjunto de favelas na zona norte da cidade com aproximadamente 70 mil moradores, ocupada pelas forças de segurança em 2010. As mortes são resultado dos frequentes confrontos entre traficantes e policiais, que inclusive tiveram bases de UPPs e até a delegacia de polícia atacadas a tiros e depredadas. Para pacificar a região, o governador Pezão prometeu reocupar o Complexo do Alemão.