Por Irpaa
Exercendo o direito de reivindicar melhorias para a qualidade de vida das pessoas, um grupo de organizações populares estão provocando no município de Juazeiro a discussão acerca da importância do Saneamento Básico. Trata-se do Movimento Popular de Cidadania, que esteve reunido nesta quarta (25) na Paróquia N. Srª de Fátima, no bairro Alto da Aliança, com o objetivo de discutir a realidade do saneamento em Juazeiro, com vistas a provocar a população a se preocupar com este tema, cobrando dos poderes públicos soluções a curto, médio e longo prazo para assim garantir o chamado controle social.
A iniciativa surgiu há dois anos, quando lideranças comunitárias dos bairros Antônio Guilhermino e João Paulo II, com o apoio da Articulação Popular São Francisco Vivo, iniciaram um levantamento e sistematização de informações que evidencia a ausência ou deficiência de saneamento nestes bairros. Em 2013, a Pastoral Urbana elaborou um diagnóstico mais ampliado, desta vez tendo como abrangência da pesquisa outros bairros da periferia de Juazeiro.
De acordo com o Padre Tiago Milan, um dos incentivadores deste movimento, trata-se de algo que deve contar com ampla participação popular. “Queremos que pessoas participem e que opinem, que decidam, sejam conscientes que todos somos protagonistas, que a história seja feita por nós”, diz o religioso explicando o sentido do nome Movimento Popular de Cidadania. Para o grupo, no momento o tema em evidência é o saneamento básico, mas a intenção é pautar outras temáticas voltadas para a cidadania de modo geral.
Durante a reunião foi apresentado o Diagnóstico Popular, o qual possui os dados tabelados em gráficos relativos aos quatro pilares do Saneamento Básico: esgotamento sanitário, coleta de lixo, drenagem de águas pluviais e abastecimento de água potável. Em seguida, o grupo conheceu a pesquisa de doutorado “Os riachos urbanos de Juazeiro nas questões do Saneamento ambiental”, do arquiteto Matteo Nigro. Além disso, foram socializadas informações obtidas na prefeitura de Juazeiro acerca da elaboração do Plano Municipal de Saneamento – PMSB e o Sindae – Sindicato de Trabalhadores de Água e Esgoto da Bahia esclareceu como deve se dá a construção de um Plano, o qual deve ter ampla participação popular, conforme prevê a Lei nº 11.445.
A intenção do Movimento Popular de Cidadania a partir de agora é ampliar o trabalho de sensibilização da população, para assim provocar ações mais enérgicas. Para Aldenisse Souza, moradora do Antônio Guilhermino, esta é uma forma de o povo se organizar para lutar pelo seu bem estar e para isso é preciso se reunir “para responsabilizar o poder público por essas melhorias, porque infelizmente ele só age quando é provocado e quem tem que provocar é o povo que sofre as consequências”, diz a militante.
Participaram do encontro a Pastoral Urbana, Comissão Pastoral da Terra – CPT, Irpaa, Paróquias do Alto da Aliança, João Paulo II, Paróquia São Cosme e Damião e N. Srª das Grotas, Conselho Pastoral dos Pescadores – CPP, Associação de moradores do Alto do Alencar, Lomanto Junior e Tabuleiro, Sindae, Residência Multifuncional de Saúde da Univasf e Centro de Terapias Naturais Giani Bandi, além de cidadãos interessados na discussão.
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Destaque: Lixão em Juazeiro, Bahia
Enviada para Combate Racismo Ambiental por Ruben Siqueira.