Agência Estado, no Diário de Pernambuco
Duas das mais polêmicas e combativas bancadas da Câmara dos Deputados aderiram à candidatura de Eduardo Cunha (PMDB-RJ) à presidência da Casa. Com cerca de 90 deputados na próxima legislatura, evangélicos estão em plena campanha pelo peemedebista. Já os ruralistas divulgaram uma nota de apoio a ele. Para os dois grupos, Cunha se comprometeu a acolher suas demandas, como a rejeição a qualquer tentativa de liberalização do aborto e de criminalizar a homofobia; e a possibilidade de que o Congresso tenha poder de demarcar terras indígenas.
Os evangélicos são os mais entusiasmados por Cunha. Pastores têm viajado com ele para angariar votos da bancada evangélica. “Cunha representa a possibilidade de termos uma Câmara independente onde serão colocados na pauta assuntos de interesse do Brasil e não somente do governo e do partido do governo”, disse o Pastor Everaldo, presidente nacional do PSC e candidato derrotado a presidente da República. Ele é amigo de Cunha e um dos que tem viajado com ele nesta campanha. Segundo integrantes da bancada evangélica, a tendência é de que até 90% da bancada vote no candidato do PMDB. Os demais são deputados ligados a PT, PSB ou ao deputado Anthony Garotinho (PR-RJ), ex-aliado e hoje desafeto de Cunha.
Evangélico, Cunha é simpático à pauta do seguimento, que inclui temas como oposição ao aborto e à criminalização da homofobia, além da aprovação dos estatutos da família e do nascituro, que assegura o direito à vida ao bebê em gestação.
O peemedebista disse ter prometido à bancada “deixar que aconteça tudo o que tem que acontecer” para que a pauta do seguimento seja apreciada. “A bancada evangélica naturalmente tem muito mais afinidade comigo pelo fato de eu fazer parte dela de eu defender a vida e a família. Sabem que sou contra o aborto. Defesa da vida e da família, essa é a minha posição”, disse Cunha, que em 2010 apresentou projeto de lei que criminaliza a discriminação contra heterossexuais.
Nesta semana, quem entrou em campo pedindo votos para Cunha foi o pastor Silas Malafaia, presidente da Assembleia de Deus Vitória em Cristo. Ele disse que resolveu se manifestar após o deputado Jean Wyllys (PSOL-RJ), defensor das causas LGBT na Câmara, dizer em entrevista publicada pelo jornal carioca “O Dia” no último domingo, dia 11, que “não tem santo que me faça votar em Eduardo Cunha”. “Como eu tenho posições radicais contra o que ele (Wyllys) tem de ideologia, onde ele se manifesta ideologicamente com força, eu me manifesto ao contrário”, disse Malafaia. “Se algum deputado evangélico (estava) em dúvida, caiu no colo do Cunha”, afirmou o pastor. Malafaia calcula que elegeu cerca de 20 deputados, mas acredita que sua influência na bancada vai além.
Além de conversar com seus deputados, Malafaia designou o deputado recém-eleito Sóstenes Cavalcante (PSD-RJ) para acompanhar Cunha e fazer a ponte entre o candidato e aqueles que integrarão a bancada evangélica a partir de fevereiro. Pastor da Assembleia de Deus, Cavalcante também foi diretor de eventos da Associação Vitória em Cristo, de Malafaia.
Ruralistas
Já os ruralistas divulgaram uma nota em que recomendam o voto em Cunha. “Dirigimo-nos a todos os membros da Frente Parlamentar da Agropecuária (FPA) para fazer o seguinte pedido: votar no combativo líder deputado Eduardo Cunha , nosso candidato à Presidência da Câmara Federal”, diz a nota da FPA, que conta com 166 deputados. Na sequência, o documento diz: “Estamos confiantes de que, eleito, Eduardo Cunha reconhecerá o nosso peso e abraçará as nossas causas. Por isso mesmo é que estamos recomendando nele votar”.
Cunha também se comprometeu a apreciar as pautas dos ruralistas caso seja eleito. Ele disse, por exemplo, que recriará a comissão que discute as regras de demarcação de terras indígenas. “As pautas deles serão apreciadas”, disse.
Foto: Cunha (direita) e o pastor Everaldo (camisa branca) durante visita a Macapá (Divulgação)