Marcela Belchior – Adital
O efeito da contaminação atmosférica sobre a saúde dos peruanos e peruanas é de 75% a 300% entre os pobres do que entre os não pobres. A informação faz parte do relatório “Mudança climática e indústrias extrativas no Peru” (“Cambio climático e industrias extractivas en el Perú”), publicado pela organização não governamental CooperAcción, que atua na ação solidária para o desenvolvimento, e lançado no último mês de outubro, sob a elaboração do economista Roberto Machado.
Segundo o documento, além de seus efeitos sobre os ecossistemas e a qualidade de vida em geral, a degradação ambiental teria um impacto regressivo sobre a distribuição de renda e da riqueza, afetando mais os pobres do que os ricos. “Por exemplo, o impacto da contaminação atmosférica urbana sobre a renda — através da deterioração da saúde dos trabalhadores — é muito mais agudo nos pobres do que nos que não o são”, pontua o relatório.
“A diferença é ainda maior com relação ao impacto sobre a renda: os prejuízos à saúde ocasionados pela água contaminada são 10 vezes maiores nos pobres do que nos não pobres. A contaminação do ar em locais fechados também afeta mais os pobres, o que está muito relacionado com o uso de combustíveis sólidos para cozinhar e para aquecimento (lenha, carvão etc.)”, acrescenta o estudo. O Banco Mundial estima que toda a população urbana e dois terços da população rural que usam esse tipo de combustível são pobres.
De acordo com o relatório, o Banco Mundial calcula que entre 80% e 85% dos efeitos nocivos da degradação ambiental sobre a saúde recairia sobre a população em situação de pobreza. “Em consequência, uma política vigorosa de combate à degradação ambiental é essencial para melhorar a equidade no país sul-americano, cujos níveis de desigualdade (…) são piores que os observados em meados das décadas de 1990 e 1980”, acrescenta o documento.
Custos com a degradação
Conforme o documento, em comparação com outros países, o custo da degradação ambiental no Peru é alto. Os danos passam pela saúde e o abastecimento de água da população, contaminação atmosférica, desastres naturais, exposição ao chumbo, contaminação do ar em locais fechados, degradação do solo, desmatamento e coleta de dejetos municipais.
Para enfrentar todas essas questões, o custo econômico da degradação ambiental anual no país gira em torno de 3,9% do Produto Interno Bruto (PIB), segundo estimativa do Banco Mundial. Os maiores gastos estariam relacionados à saúde e abastecimento de água (1,1% do PIB), seguido da contaminação atmosférica (0,8%).
SERVIÇO
Acesse relatório completo aqui.