Obama diz que “isolamento não funcionou” e Raúl Castro defende “aprender a conviver com as diferenças”. Países abrem espaço para retomada de conversas após a soltura do norte-americano Alan Gross, de 65 anos, preso há cinco anos por “subversão”. Governo dos EUA liberta três presos cubanos
Silvia Ayuso, El País Brasil
Os Estados Unidos e Cuba se dispuseram a normalizar suas relações diplomáticas, segundo fontes oficiais citadas pelo jornal americano The New York Times e pela agencia de noticias AP. A noticia chega depois de o Governo de Barack Obama confirmar, nesta quarta-feira, que o regime cubano liberou o opositor norte-americano Alan Gross, de 65 anos, condenado a 15 anos de prisão por subversão. O caso representava o principal obstáculo para a melhoria das relações entre Washington e Havana. Segundo a imprensa norte-americana, a libertação de Gross, de 65 anos, pode incluir sua troca por um ou mais dos três cubanos, tratados como heróis pelo regime comunista, que cumprem longas penas de prisão nos EUA por espionagem.
“Na manhã de hoje, Alan Gross partiu de Cuba em um avião do Governo norte-americano com destino aos EUA”, confirmou a jornalistas um alto funcionário do Governo norte-americano. Gross, que cumpria pena de 15 anos, foi solto por “motivos humanitários a pedido dos EUA”, segundo essa fonte, que não forneceu detalhes adicionais.
Estes serão divulgados pelo próprio presidente dos EUA, Barack Obama, que prometeu fazer uma “declaração sobre Cuba” às 12h01 (15h01 em Brasília). A expectativa é de que Obama revele os termos do acordo, o qual, segundo a rede CNN, inclui um “amplo espectro de medidas diplomáticas e jurídicas, naquela que é considerada a mudança mais profunda na política norte-americana com relação a Cuba desde início do embargo, há mais de meio século”.
A televisão estatal cubana informou que o presidente Raúl Castro também fará um discurso às 15h (hora de Brasília), segundo a agência Reuters.
Em junho passado, coincidindo com a morte da mãe de Gross, o Governo cubano reiterou sua proposta de trocar o empresário por três cubanos detidos em 1998 nos EUA sob suspeita de espionagem e condenados em 2001 a penas que variavam de 15 anos à prisão perpétua. Dois outros cubanos presos pelo mesmo motivo naquela ocasião já foram soltos.