Maria do Rosário protocola no STF queixa-crime contra Bolsonaro

A deputada Maria do Rosário (PT-RS) no Supremo Tribunal Federal (Foto: Henrique Arcoverde/G1)
A deputada Maria do Rosário (PT-RS) no Supremo Tribunal Federal (Foto: Henrique Arcoverde/G1)

Em plenário, deputado disse que não a estupraria “porque ela não merece”. Parlamentar petista afirma ter sido vítima de injúria, calúnia e difamação.

Do G1, em Brasília

A deputada federal Maria do Rosário (PT-RS) protocolou nesta terça-feira (16) queixa-crime no Supremo Tribunal Federal (STF) contra o deputado Jair Bolsonaro (PP-RJ). Na última terça-feira (9), durante discurso no plenário da Câmara, Bolsonaro disse que que não estupraria a deputada porque “ela não merece”. Na ação, Maria do Rosário alega que foi vítima de injúria e difamação.

Também nesta terça, o Conselho de Ética da Câmara instaurou processo disciplinar contra Bolsonaro após requerimento do PT, PC do B, PSB e PSOL, que pedem a cassação do mandato parlamentar por quebra de decoro parlamentar. Eles argumentam que Bolsonaro, “de forma reincidente, discrimina, induz e incita a discriminação étnica, racial e de gênero”.

O ataque de Bolsonaro foi em reação a um discurso da petista em plenário contra a ditadura. Em sua fala, Maria do Rosário, que foi ministra da Secretaria de Direitos Humanos,  chamou a ditadura militar no Brasil (1964-1985) de “vergonha absoluta”.

Militar da reserva, o deputado foi à tribuna em seguida e repetiu a mesma ofensa dirigida a Maria do Rosário em 2003, quando os dois discutiram em um corredor da Câmara. No momento da fala do deputado, Maria do Rosário deixou o plenário.

“Fica aí, Maria do Rosário, fica. Há poucos dias, tu me chamou de estuprador, no Salão Verde, e eu falei que não ia estuprar você porque você não merece. Fica aqui pra ouvir”, disse.

‘Peço que o mantenha longe’
Depois da sessão da última terça, a deputada disse que a atitude do Bolsonaro agredia não só a ela, mas a todas as mulheres, e fez um apelo à direção da Câmara para que o “mantenha longe”.

“Ele, de fato, agride a todas as mulheres [com o seu discurso]. Eu só quero poder vir para a Câmara dos Deputados, porque eu fui eleita, e trabalhar”, afirmou.

E completou: “Eu não quero que os pronunciamentos sejam comentados, eu não quero ser agredida por esse senhor. Eu peço à Mesa da Câmara que o mantenha longe, que o mantenha distante. Essas ameaças são típicas de quem fala em tortura. Não aceito”.

Dias depois, em entrevista ao jornal “Zero Hora”, Bolsonaro falou sobre o episódio e justificou a fala. “Ela não merece porque ela é muito ruim, porque ela é muito feia, não faz meu gênero, jamais a estupraria. Eu não sou estuprador, mas, se fosse, não iria estuprar, porque não merece”, disse o deputado.

Denúncia
Na última segunda-feira (15), a vice procuradora-geral da República, Ela Wiecko, apresentou denúncia contra Bolsonaro no Superior Tribunal de Justiça (STF) por incitação ao crime de estupro.

A Primeira Turma do STF decidirá se a denúncia será aberta ação penal contra o deputado. Caso condenado, Bolsonaro pode ser punido com pena de 3 a 6 meses de prisão, mais multa.

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