Nove coisas que pessoas brancas não deveriam dizer sobre racismo

racismo-maoParece que, quando a conversa não é explícita – como quando pessoas brancas usam palavras como “macaco” ou recusam serviços baseado na cor da pele – trazer a tona o assunto do racismo coloca muitas pessoas na defensiva ou induz afirmações bravas que negam a sua existência. 

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Essa é uma reação que muitas pessoas não-brancas estão cansadas de receber de pessoas que tem privilégio racial, e não tem nenhuma ideia tangível do que é experimentar as injustiças sociais e institucionais de não ser branco na América.

Muitas pessoas de diferentes raças querem espaço para discutir essas questões dentro de uma cultura que amplifica vozes brancas – querem ter suas vozes ouvidas e respeitadas, mesmo que suas emoções venham de um lugar de dor.

Como pessoas que se beneficiam de um privilégio racial, brancos podem apoiar a lideranças de pessoas não-brancas ao desafiar esses mitos naturalizados sobre racismo antes mesmo de entrar em uma discussão com o assunto, principalmente discussões com pessoas que não são brancas.

1. “Você que é racista por trazer a tona a raça da pessoa.”

Geralmente, quando uma pessoa que não é branca fala de racismo, existe alguma coisa problemática acontecendo. Seria ingênuo assumir que todas as pessoas que não são brancas simplesmente existem como oportunistas que usam toda e qualquer chance para fazer drama sobre o racismo. Se você está cansado de ouvir sobre racismo, o quão cansado você imagina que pessoas não brancas estão de ter que viver rodeados pelo racismo?

2. Eu não vejo raça, somos todos seres humanos”.

Embora isso possa soar revolucionário, ser cego a cores é, na verdade, parte do problema. “Não ver cor” é simplesmente uma frase preguiçosa para deliberadamente ignorar os elementos do racismo que ainda existem e que precisam ser consertados – assim, reforça o privilégio de poder ignorar os efeitos negativos do racismo em primeiro lugar. Como o ditado diz: “você não pode consertar aquilo que você não pode ver”.

3. “Falar sobre o assunto usando termos como ‘pessoas brancas’ e ‘privilégio branco’ é racismo reverso”.

Então, sobre racismo reverso… isso não existe. Não é segredo que é humanamente possível que uma pessoa não-branca tenha preconceito contra pessoas brancas. Às vezes, isso é uma atitude que se desenvolve com o tempo porque sua experiência com o racismo fez com que chegassem a conclusão que não existem pessoas brancas “boas” no mundo. E embora seja importante haver uma cura nesses instantes – bem mais raros – de preconceitos, essa atitude não vem com uma sistema de benefícios e poder institucional que pessoas brancas tem. Essa é toda a diferença entre racismo e preconceito, porque, racismo, em seu cerne, está baseado em todo um sistema além da opinião individual.

4. “Você [não-branco] claramente não sabe o que é racismo. De acordo com o dicionário de Webster….”

Não faça isso. Dê um passo para trás dessa situação infantilizante e evite ser uma pessoa branca ditando como o racismo funciona para uma pessoa que tem experiências reais com ele. Como o dicionário define o assunto? É uma simplificação de um tópico que precisa de sua própria tese.

5. “Você [pessoa não-branca] disse algo sobre pessoas brancas fazendo coisas racistas, então eu exijo que você explique isso pra mim agora”.

Não ser branca não torna a pessoa um educador disponível para explicar justiça racial, especialmente se ela não tem relacionamento ou afinidade com quem está buscando o conhecimento. Na era da internet, se você não conhece alguém de uma comunidade em particular com quem conversar, você provavelmente pode encontrar essas vozes em blog, no Twitter, ou mesmo colunas e artigos de notícias, falando das coisas de uma maneira simples de entender. Ao invés de cansar as pessoas já cansadas de lidar com o racismo, tente se autoeducar antes de sair batendo na porta dos outros.

6. “Mas meu amigo [de tal raça] diz que era OK fazer [coisa problemática]”.
Ainda assim, não é a melhor ideia aplicar aquela relação com aquele seu um amigo para um grupo inteiro de pessoas, muitas das quais têm relações diferentes com certas palavras, ações e gestos. Você tocaria o cabelo de uma mulher negra que você não conhece porque sua amiga negra permite que você toque no dela?

7. “Pare de me atacar por ter privilégio só porque eu sou branco. É racista e ofensivo.”
Quando as pessoas criticam racismo e privilégio branco, elas estão falando de maneira geral sobre um sistema e não sobre o individual. A não ser, é claro, que o indivíduo em questão mereça ter que lidar com suas atitudes racistas.

8. “Estou cansado de fingir que [tal raça] precisa de tratamento especial e programas de auxílio só porque não são brancos. Nós temos problemas também, sabem”.
Ter problemas na vida é parte inerente de ser humano. Mas é preciso humildade e empatia para tomar um tempo e espaço para autorreflexão e para realmente entender que para alguns de nós é muito mais fácil do que para outros – mesmo com nossas tentativas provisórias para garantir oportunidades iguais para todas.

9. [Inserir expressão de olhos marejados de culpa ou negação de privilégio branco].
Primeiramente, tudo bem ter emoções ou se se sentir realmente arrependido quando está claro que um sistema cruel foi perpetuado por alguma palavra ou expressão sua. Policiar as emoções alheias não é legal, e pessoas não-brancas sabem melhor do que ninguém. Porém, geralmente, quando as lágrimas começam a cair, elas se relacionam com a rejeição completa da ideia de que ser branco garante privilégios e é considerado o normal em basicamente toda estrutura social e institucional.

Assim, ao invés de se concentrar nas muitas, profundamente doloridas experiências das pessoas não-brancas, a pessoa em questão acaba desviando a conversa e a tornando sobre ela mesma.

Isso não só desvia a culpa de uma maneira que é historicamente perigosa, como também reforça o próprio privilégio sendo interrogado: porque essas lágrimas brancas e esses sentimentos brancos são muitas vezes priorizados acima das lutas diárias de pessoas não-brancas.

*Esse texto é uma tradução e adaptação do texto de Derrick Clifton para o The Daily Dot. Confira o original completo aqui.

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