Nesta quarta-feira (3), mais de 100 militantes do MST ocuparam a sede do Instituto Biosistêmico (IBS), em Ribeirão Preto (SP), como parte da Jornada Estadual de Luta.
A IBS é responsável pela Assistência Técnica e Extensão Rural (ATER) em assentamentos da região de Ribeirão Preto, atuando em parceria o Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (Incra). A ação visa denunciar a paralisação da Reforma Agrária.
O MST denuncia o que considera os péssimos números da Reforma Agrária obtidos pelo governo Dilma Rousseff, que assentou em torno de 7 mil famílias em 2013.
Os Sem Terra lembram que mesmo considerando os números oficiais do próprio governo, Dilma estaria entre os piores governos para a Reforma Agrária desde a redemocratização.
Atualmente, existem mais de 120 mil famílias vivendo em acampamentos, na luta para serem assentadas.
Operação Terra Prometida
Na semana passada, a Polícia Federal prendeu pessoas ligadas ao Ministério da Agricultura e funcionários do Incra por esquema de corrupção e venda de lotes da Reforma Agrária, com participação de irmãos do ministro da agricultura, Neri Geller.
Segundo a PF, o prejuízo gerado à União pelo esquema pode chegar a R$ 1 bilhão, além das inúmeras famílias sem terra prejudicadas.
O MST também protesta contra a indicação da Kátia Abreu (PMDB), presidente da Confederação Nacional da Agricultura (CNA), para o Ministério da Agricultura. Segundo os Sem Terra, a senadora, que compõe a bancada ruralista no senado, seria uma das grandes defensoras do agronegócio, atuando contra a Reforma Agrária, a demarcação de terras indígenas e quilombolas, e a favor do retrocesso representado pelas mudanças do Código Florestal.
Ainda denunciam que Kátia Abreu também é defensora do uso abusivo de agrotóxicos e transgênicos.
“Por isso, hoje, Dia Mundial da Luta contra os Agrotóxicos, o MST denuncia sua indicação ao Ministério da Agricultura, por representar a continuidade e aprofundamento do atual modelo de desenvolvimento agropecuário, que degrada o meio ambiente e produz consequências danosas a saúde da população”, diz em nota a direção estadual do MST.
Como lembra os Sem Terra, atualmente o Brasil tem 1% dos proprietários de terra donos de 44% das áreas agricultáveis.
“Isso se manifesta no modelo de produção e no impacto que essa produção terá sobre a saúde dos brasileiros, visto que soja, cana, milho e algodão, principais produtos do agronegócio, respondem juntos por 78,5% do uso de agrotóxicos no país”, continua a nota.
O MST de São Paulo denuncia que no estado e na região de Ribeirão Preto, a situação de abandono da Reforma Agrária é generalizada, sem políticas reais de aquisição de terra para criação de novos assentamentos, nem melhorias em infraestrutura para produção nos assentamentos.
Com isso, “o MST exige que o Incra atenda imediatamente às demandas dos Sem Terra, que defendem a produção de alimentos saudáveis e um modelo de desenvolvimento democrático para o campo brasileiro”, termina a nota.