Onze trabalhadores se feriram, sendo levados ao hospital de Cerqueira César; dois se encontram em condições graves, com traumatismo craniano
por José Coutinho Júnior – da Página do MST
Na manhã desta terça (26), um ônibus que transportava onze trabalhadores que apanham laranjas para a empresa Cutrale sofreu um acidente na ponte da estrada municipal que liga Iaras ao município de Agudos. O freio do ônibus falhou na descida que leva à ponte, e para não bater de frente com um ônibus escolar que vinha no sentido oposto, o motorista jogou o ônibus contra a ponte, caindo no Rio Pardo.
Todos os onze trabalhadores se feriram, sendo levados ao hospital do município de Cerqueira César. O motorista e uma trabalhadora se encontram em condições graves, com traumatismo craniano. O ônibus, velho e com problemas mecânicos, apesar de prestar serviços à Cutrale, não é oficialmente da empresa.
Segundo Rosimeira de Almeida, assentada do MST na região, “uma pessoa aluga o ônibus, em péssimas condições, para levar os trabalhadores de diversos municípios para a Cutrale. Como a empresa não se envolve nesse processo, ela fica livre de qualquer responsabilidade caso algo ocorra. A responsabilidade pelo acidente vai cair em cima apenas do dono do ônibus, e não da empresa”. Até o momento, a Cutrale não se manisfestou sobre o acidente.
Para Adir dos Santos Lima, presidente da Central Única dos Trabalhadores (CUT), a precariedade do transporte rural é constante. “Esses ônibus são sucata que vem da cidade para o campo, porque na cidade há uma série de proibições que impedem a circulação desses ônibus, e no campo isso não existe. Tenho certeza que o dono da Cutrale jamais poria seus cavalos nesse tipo de veículo. Precisamos de uma fiscalização do Ministério dos Transportes para que isso páre de acontecer.”
Trabalho precário
Não é só o transporte dos trabalhadores que é precarizado: os trabalhadores da Cutrale estão sujeitos a condições duras de trabalho. Durante o Tribunal Popular da Terra ocorrido em 2012, trabalhadores da empresa denunciaram as situações de exploração que viviam, como receber apenas 29 centavos por cada caixa de laranja colhida, que pesa de 48 a 50 Kg e que devem ser carregadas pelos próprios trabalhadores que realizam a colheita, resultando em problemas de coluna, LER (Lesão de Esforço Repetitivo) e outras doenças, ou a aplicação de agrotóxicos pela empresa, que contamina os rios e represas da região de Iaras e é responsável pelo surgimento de doenças nos trabalhadores.
“As condições de trabalho são muito precárias. O transporte é velho e perigoso, os trabalhadores tem jornadas e condições de trabalho excessivas, muitas vezes não tendo nem o que comer durante o trabalho. Temos de denunciar essas condições precárias de trabalho e de vida, e cobrar da Cutrale a obrigação de fornecer transporte, alimentação e uma jornada de trabalho adequadas”, afirma Adir.
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Enviada por José Carlos para Combate ao Racismo Ambiental.