Na reta final da tramitação do projeto de lei do novo Código Florestal no Senado Federal, pesquisa da ANDI- Comunicação e Direitos mostra que a mídia nem sempre consegue colocar em pauta aspectos técnicos e científicos sobre o tema. De acordo com a publicação “O Código Florestal e a Imprensa Brasileira”, que contou com o apoio da Aliança para o Clima e Uso da Terra (CLUA), a cobertura da imprensa pouco fala sobre um modelo sustentável de desenvolvimento.
O levantamento avaliou a cobertura de 17 jornais diários das diversas regiões do país sobre a tramitação da reforma do Código Florestal na Câmara dos Deputados. Nele, fatores de ordem política e partidária foram o tema principal em 60% dos textos analisados.
Nesse sentido, as articulações do relator do projeto, deputado Aldo Rebelo, as divisões na base aliada e as dificuldades do Governo Federal em posicionar-se de forma clara frente às propostas do novo Código, ocuparam grande espaço nas páginas dos jornais. A questão aqui, no entanto, é que estas questões, em muitos momentos, deixaram em segundo plano a discussão da política ambiental e a centralidade do Código.
Qual é o projeto para um modelo sustentável de desenvolvimento ao país? Pouco se escreve sobre isso.
Mesmo assim, não há apenas pontos negativos. Quando abordou os temas técnicos, a imprensa soube destacar os pontos críticos: nada menos de 67,8% dos cientistas ouvidos nas matérias – analisadas pela ANDI – manifestavam posição contrária ao texto apresentado por Aldo Rebelo. Além disso, 52,4% dos textos ouviram mais de uma fonte e, dentre estes, 45% apresentaram opiniões divergentes – dados fundamentais para o debate polarizado entre “ruralistas” e “ambientalistas”.
A reflexão sobre os méritos e limites da cobertura jornalística pode oferecer contribuições relevantes para o aprimoramento da informação recebida pela população e para os próprios parlamentares – em especial num momento decisivo para os destinos do país, quando o texto do relator Jorge Viana está sendo votado no Senado Federal, para em seguida ser levado de volta à Câmara e à sanção da presidente Dilma Rousseff.
Na visão da ANDI, o Código Florestal é uma das pautas mais importantes deste início de século: “A maneira como o Brasil decidirá tratar suas florestas e demais recursos naturais vai fazer diferença não só para nossa população, mas para o futuro de todo o planeta e está intimamente ligada com outras agendas de especial relevância para a sustentabilidade, como as mudanças climáticas e a realização da Conferência Rio+20”, acredita o secretário-executivo da ANDI, Veet Vivarta.
Enviada por Ricardo Verdum.