Por Fábio Py Murta de Almeida
Alguém saiu do ônibus vindo, um tanto desengonçado, em minha direção. Sentou-se ao meu lado. Sem problemas, pois em pouco tempo chegaria o ônibus que eu esperava para poder ir à Zona Sul do Rio. Agora, o curioso é que, além de sentar ao lado, o sujeito se aproximou quase que se encostando à minha perna. Comecei a ficar cismado.
Chegou perto a ponto de eu poder escutá-lo, sem que precisasse falar alto ou de gritar. É compreensível, pois a quantidade de carros e obras atrapalha qualquer conversa. Olhando o ilustre desconhecido de rabo de olho, um pouco mais detidamente (sem que ele percebesse), observei que trazia uma bengala na mão. Ora, devia ter alguma dificuldade na visão porque, embora usasse óculos fundos, seus olhos não fixavam num ponto. Concluí que podia enxergar, uma vez que, do contrário, não conseguiria atravessar a rua, saindo de um ônibus, e vir sozinho ao meu encalço. Disfarçando e olhando um pouco mais suas características, percebi que era magro a ponto de os ossos aparecerem; suas veias pareciam querer saltar da pele. Talvez isso fosse até sorte, pois seria mínima a sua preocupação com a moda. (mais…)