Semana dos Povos indígenas UCDB 2011 – Seminário 1

Para iniciar as discussões da Semana dos Povos Indígenas na Universidade Católica Dom Bosco (UCDB), ocorreu no dia 12 o seminário “A Universidade e os Povos Indígenas no MS: história e saberes”, que contou com numerosa presença de acadêmicos e professores dos cursos de Licenciatura, Serviço Social e Comunicação Social. As discussões propostas pelo coordenador do Programa Kaiowá Guarani, Dr. Antonio Brand, pelo mestrando em História pela Pontifícia Universidade Católica (PUC/RS), Wanderley da Silva e pela mestranda em Educação da UCDB, Edina Silva de Souza enfocaram a atualidade dos povos indígenas à partir de uma nova concepção sobre o que é ser índio no Brasil.

A professora Edina destacou a luta pela retomada dos territórios e a degradação ambiental. “Por que não pegar o exemplo do indígena que sabe respeitar o meio ambiente apesar das interferências da cultura do não-indígena?”, questionou a professora falando também da importância do trabalho dos professores Guarani frente à estas situações. “A grande luta hoje é dos professores resignificar os saberes tradicionais dentro no espaço escolar”. Contando um pouco de sua trajetória na academia Wanderley falou sobre o uso dos recursos tecnológicos pelas comunidades. “As tecnologias podem ser utilizadas por nós na produção de um novo olhar sobre os indígenas”.

Discorrendo sobre o processo histórico que levou os índios à situação atual o professor Brand destacou três aspectos. À partir dos dados do Censo 2000, legislação e análise da imagem distorcida de índio que a imprensa e escola reproduzem, Brand chamou atenção para o preconceito direcionado à estes povos que, segundo ele, é fruto de conceitos de cultura e identidade ultrapassados, que precisam ser repensados pelos não-indígenas.”Por que negamos à estes povos o direito a mudança e os queremos congelar num passado que nunca existiu, que é uma construção discursiva feita pelo colonizador? Todas as culturas do mundo são, naturalmente, misturadas. As culturas indígenas são profundamente dinâmicas e mudam tanto como a nossa cultura muda, sem perder a identidade ou deixar de ser o que são. O que nos impede de mudar nosso olhar sobre o outro? E se admitirmos que os índios, mesmo vivendo entre nós e, aparentemente como nós, seguem diferentes, dão outro sentido às mesmas coisas, seguem com cultura, língua e modos de vida próprio”.

No dia 14 de abril a Semana dos Povos Indígenas continua na UCDB, como o seminário “Direito Indigenista em Foco: reflexões sobre os povos de Mato Grosso do Sul”, organizado pelos acadêmicos indígenas do curso de Direito em parceria com a coordenação do curso. Estarão na mesa o professor Dr. Antônio Hilário Aquilera, debatendo sobre “O direito indigenista sob a perspectiva antropológica” e para tratar o tema “A convenção 169 da OIT e suas implicações sobre a situação jurídica dos detentos indígenas”, a professora Drª Andréa Flores. Para falar sobre “O direito indígena como capítulo avançado da Constituição Federal”, foi convidado o Procurador da República Dr. Emerson Kalif Siqueira. Durante a semana estão sendo exibidos vídeos sobre os povos indígenas, no intervalo do período noturno, no 1º andar do bloco A da universidade.

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