Movidos pela exortação do Salmo 24 – Do Senhor é a terra e tudo o que há nela – 150 pessoas, de vários países, reuniram-se em Toronto (Canadá) de 1 a 3 de maio, para analisar o impacto que as empresas mineradoras provocam nas comunidades onde operam. “Direitos indígenas, extração minerária e conflitos” era o título do evento ecumênico; Justiça nos Trilhos estava lá.
Participantes vindo de América Latina, Ásia e África trataram de defender, junto a aliados, a mudança das leis canadenses de mineração, para que o trabalho dessas empresas no exterior tenha uma regulação mais rigorosa.
Eles propõem que acionistas sejam mais críticos quando se trata de operações de mineração em terras indígenas. Povos originários não contam com proteção legal para defender seus territórios no Canadá.
O país norte-americano é sede de 75% das empresas mineradores do mundo. As bolsas canadenses arrecadam 40% de todo o capital de exploração de minerais do planeta.
“As atividades mineiras no Sul e no Canadá provocam importantes problemas éticos de justiça social e de respeito à Criação de Deus que preocupam pessoas de fé de todo o mundo”, diz a Declaração final do encontro. Alguns palestrantes comentaram o papel das empresas canadenses que se aproveitam dos conflitos nos países de democracias frágeis, quando não provocam problemas ou os acentuam diretamente, lembra o texto.
Participantes do encontro defendem um novo compromisso na luta pacífica para a justiça social e ambiental. Também definiram áreas prioritárias de ação: educação, ações legais, teologia, aprofundando também o conhecimento sobre a extração de recursos a partir de uma perspectiva teológica.
O grupo está consciente da cumplicidade das igrejas na extração de recursos. Por isso, defendem consumo e cidadania responsáveis, a análise dos estilos de vida que pessoas levam. Ele propugna um modelo econômico alternativo e o desenvolvimento do papel profético no questionamento dos poderes políticos e econômicos que promovem a indústria extrativista de recursos minerais.
Patrocinaram o encontro a Organização Católica Canadense para o Desenvolvimento e a Paz, Foro das Igrejas Canadenses para os Ministérios Globais, Conferência Canadense de Bispos Católicos, Conferência Religiosa Canadense, as igrejas Anglicana, Cristã Reformada, Evangélica Luterana, Presbiteriana, Unida, KAIROS: Iniciativa Ecumênica Canadense pela Justiça, Comitê Central Menonita, Ajuda da Igreja da Noruega, Fundo do Primado para a Ajuda e o Desenvolvimento Mundial e a Sociedade Religiosa dos Amigos (Quackers).
Da América Latina participaram Danilo Chammas e Federico Veronesi, da rede brasileira Justiça nos Trilhos, Franklin Canelos, do programa Fé, Economia e Sociedade do Conselho Latino-Americano de Igrejas (CLAI); o bispo Álvaro Ramazzini da diocese católica de San Marcos, Guatemala; Vidalina Morales, da Associação de Desenvolvimento Econômico e Social (ADES), El Salvador; Elena Cedillo de Diaconía, Peru; Glorai Chicaiza, da Ação Ecológica, Equador; e Pedro Landa, do Centro Hondurenho de Promoção para o Desenvolvimento Comunitário (CEHPRODEC).
http://www.justicanostrilhos.org/nota/731