Toxicologia Ambiental

O avanço das técnicas laboratoriais de dosagem de metais no organismo humano, trouxe à tona novidades sobre a incidência em nós e suas consequências à saúde, desde de lesões dermatológicas até doenças de caráter neurológico como demências ou fadiga crônica.

Na Espanha, analisando índices de mercúrio no sangue do cordão umbelical de recém natos, observou-se que 64% das crianças apresentaram níveis considerados inseguros pelos padrões da Agência de Proteção Ambiental americana. Em 2008 a Comissão Européia solicitou as mulheres grávidas ou em estado de amamentação, que reduzissem o consumo de peixe espada ou cação a menos de 100 gramas ou duas vezes por semana, visando evitar a exposição das crianças pelo metilmercúrio como prevenção aos danos provocados por este metal.


Estudos mais acurados mostram que os índices de mercúrio em espanhóis são dez vezes maiores que nos americanos, alemães e canadenses, estando em níveis semelhantes aos grandes consumidores marinhos como os japoneses. Segundo Angélica Castaño chefe da área de toxicologia ambiental do Instituto de Saúde Carlos III “Não é um dado para alarmar e sim para alertar a população”. Visa preservar melhor, principalmente mulheres grávidas, dizendo “Neste caso, haveria de se tomarem medidas” desmistificando a ideia corrente no meio médico de que a barreira placentária protegeria fetos dos agentes tóxicos. Decorrente a isto concluiram que o mercúrio, por exemplo, pode prejudicar o desenvolvimento cerebral do feto e segundo Teresa Ribera, Secretária de Estado de Mudança Climática, tais resultados deveriam “requerer políticas mais agressivas” pela contaminação por substâncias químicas e suas consequências à saúde humana. Citou como exemplo a lei do Fumo no país, pois algumas das substâncias detectadas neste estudo como o cádmio e a cotinina atacam principalmente fumantes.

O estudo sobre metais pesados não visa combater a indústria da pesca, mas constatar um dado novo pelo aumento de seus níveis no organismo, que na realidade, são a fauna e flora marinhas os mais afetados por este aumento. O pescado é sua vítima mais evidente, e através do seu consumo, está o aumento dos níveis em humanos. A pesquisa mostra outro dado preocupante que é o efeito cumulativo no organismo humano, sendo que de 1936 pessoas examinadas entre 18 e 66 anos foram observados níveis mais elevados entre os mais velhos.

O estudo acima foi feito na Espanha e publicado no verão passado para cumprir exigências da UE sobre contaminantes persistentes, investigações estas que na Alemanha se realizam desde de 1986 e nos EEUU desde de 1976. Tal estudo envolveu outros metais como o Cádmio e Bromo, mostrando-se nos mesmos níveis de outros países. O estudo ambiental evidenciou que o mercúrio chega ao mar pela indústria química, como a do cloro, que despejados se introduzem na cadeia alimentar marinha pelos pequenos animais que servindo de alimentos aos grandes chegam até nós humanos.
Isto parece ser a ponta de um iceberg, pois além de afetar os adultos, agridem cada vez mais os recém natos e em níveis cada vez mais elevados impactando futuro incerto. Entre nós, ainda estamos na fase do aprimoramento do manejo e suas condições de higiene, o que dirá averiguar níveis de metais pesados na fauna marinha ou mesmo terrestre. Considerando que temos a crença de que o mar é grande demais para abrigar tudo que não nos serve e os rios longos o bastante para levarem bem longe tudo o que não presta, ainda temos um longo caminho a percorrer.

 

Envida por Rubem Siqueira.

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