Com o tempo tudo foi ganhando sua forma, voz e cor, o ensinamento passado por gerações durante anos ganharam sua força, as crenças, tradições e as histórias contadas pelos mais velhos foram constituindo silenciosamente a minha identidade étnica.
Confesso que andei alheia à situação e às tradições; observava de fora as coisas acontecerem sorrateiramente. A armadilha do envolvimento de índio com branco estava montada e aos poucos a droga, o álcool e a tristeza foram tomando espaço daquilo que antes era pureza e inocência.
Por tantas vezes enxerguei no meu povo a face da dor e da derrota perante a discriminação, porém a vida que vivemos é entendida de diversas formas e só depende de como e do ângulo em que se vê. Entendendo isso pude avistar em meio à dor e à pressão de ver nossa cultura sendo posta à prova a Glória dos 500 anos de luta, luta esta digna apenas de guerreiros que anseiam por um mundo melhor e a preservação da natureza. Luta injusta, talvez, pois formamos a minoria,vítima de toda uma massa de preconceitos por pura ignorância e desconhecimento do que realmente somos.
Mas hoje, a cada vez que bato forte o pé no chão sob o ritmo dos maracás e das vozes agudas do meu povo, eu posso sentir a terra tremer em sintonia com o bater do meu coração, e é como se o mundo gritasse pra mim aquilo que eu mesma sei desde que nasci:
Eu sou índia Tuxá e não posso fugir da luta!
A batalha pode ser desigual, e as marcas do preconceito podem ser profundas, mas o sonho e a esperança nos movem a seguir em frente, lutando por nossas terras e pelo espaço que merecemos. Assim, a nossa luta só estará perdida quando estiver exterminada a nossa nação!
http://www.indiosonline.org.br/novo/a-luta-por-eduarda-vieira-tuxa/