Duas mortes de índios bororos por afogamento no mês de dezembro, ocasionadas por ingestão de álcool, voltaram a levantar discussões sobre a problemática do consumo de álcool e a precariedade no atendimento à saúde indígena na região de Rondonópolis. Segundo a Fundação Nacional do Índio em Rondonópolis (Funai), o alcoolismo tem provocado acidentes preocupantes entre os bororos. Além dos dois casos de afogamento, brigas e espancamentos de índios na cidade estão se tornando frequentes.
De acordo com o professor da Universidade Federal de Mato Grosso, o sociólogo Paulo Isaac, falta planejamento no atendimento à saúde indígena em Rondonópolis, o que tem agravado situações como o elevado consumo de álcool entre os bororos nos últimos dois anos. “O atendimento à saúde está sem planejamento, falta saneamento básico nas aldeias e, no caso da Tadarimana, falta até mesmo água potável”.
O coordenador técnico da Funai da Aldeia Tadarimana, Antonio Jukureakireu, concorda com a situação precária no atendimento à saúde e explica que o projeto desenvolvido pela Fundação Nacional de Saúde (Funasa) para combate ao alcoolismo não tem funcionado. “Dos quase 30 índios em tratamento, somente seis conseguiram abandonar o álcool. Os demais têm fortes recaídas”, afirma.
Nos últimos meses, destaca Jukureakireu, vários episódios de violência aconteceram envolvendo índios da Tadarimana. “Muitos vêm para a cidade, bebem e acabam dormindo nas ruas, se envolvendo em brigas e sendo espancados por outros moradores de rua. Vários casos já foram relatados à Polícia Civil”.
Além disso, conforme informações da Funai em Rondonópolis e da Funasa, as mortes de dois índios por afogamento, uma no dia 16 de dezembro no rio Tatarumã e outra no dia 26 de dezembro, no rio Vermelho, a 15 quilômetros da Aldeia Tadarimana, estão relacionadas com o excessivo consumo de álcool. Para a técnica para saúde mental da Funasa, Danielle Espanhol Ribeiro, que é responsável pelo programa de combate ao alcoolismo do órgão, o consumo excessivo de álcool entre os bororos é considerado como uma questão histórica.
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