Um crime de escravidão abalou a cidade de Charlotte, na Carolina do Norte (North Caroline, EUA), e gerou uma grande polêmica. A norte-americana Lucinda Lyons Shackleford, 53 anos, mantinha sob regime de escravidão um adolescente de 17 anos, que era forçado a realizar vários trabalhos.
Conforme as denúncias apresentadas contra ela, o adolescente, que é um imigrante indocumentado, fazia a limpeza da casa da acusada, tinha que trabalhar com o carro do namorado dela e que vender bebida alcoólica para os residentes nas redondezas. Além disso, ele era obrigado dormir no chão, próximo à porta, para atender clientes que chegavam de madrugada para comprar bebidas. O julgamento de Lucinda teve início na segunda-feira (24) e ela responderá o processo em liberdade. Caso venha ser condenada poderá ficar 20 anos na cadeira e pagar uma multa de 500 mil dólares.
Ao falar sobre o caso, o agente especial, na Geórgia, do Immigration and Customs Enforcement – ICE, Brock Nicholson, disse que “ninguém é deve ser forçado a viver em um mundo de isolamento e realizando serviços forçados”. No domingo, ela se declarou inocente e negou todas as acusações. A acusada afirmou que tudo não passa de uma armação de um imigrante indocumentado que tenta permanecer no país. “É mentira. Eu nunca mantive ninguém em regime de prisão ou faminto”, falou salientando que rapaz mente em seu depoimento.
Tanto o adolescente quanto seu pai são imigrantes indocumentados e os investigadores não informaram o seu país de origem. Shackleford alegou que os dois eram seus vizinhos e que tiveram um problema com a Imigração. “Eu resolvi ajudar e me ofereci para tomar conta do rapaz enquanto o processo de deportação contra eles estava em andamento”, fala acrescentando que o pai do garoto ficou em uma prisão de imigração durante este período. “Foi ele quem pediu para que eu cuidasse do filho dele”, continua.
De acordo com uma nota emitida pelo jornal Charlotte Observer, o pai do adolescente havia concordado em pagar a quantia de 1.200 dólares, mais algumas despesas, para que a norte-americana cuidasse do garoto. De início, o imigrante foi levado para a Luterana Family Services, até que uma inspeção fosse feita na casa de Schackleford. Depois da verificação foi dado parecer favorável para ele ficar sob os cuidados dela.
Mas depois que ele se mudou para a casa da norte-americana, segundo a promotoria, Shackleford disse ao garoto que havia uma dívida de 450 dólares do pai dele e que ele deveria trabalhar para ela até que quitasse o valor. Segundo a acusação, a norte-americana obrigou o menino a realizar trabalhos para outras pessoas.
Ele limpou quintais, lavou carros, vendia cerveja e sorvete na casa da acusada. Outra acusação que pesa contra ela é de que obrigava o menino a dormir no chão, próximo à porta, para atender os clientes que chegavam de madrugada para comprar bebida alcoólica e outros produtos. “O imigrante trabalhava para ela sob a ameaça de ser denunciado para a polícia e agentes de imigração e ele tinha medo de ter o pai deportado”, relatam os investigadores.
Ela afirma que nunca obrigou o rapaz a dormir no chão e jamais negou comida para ele. “Eu pensava que estava ajudando”, conclui.
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