Vale já prevê expansão da mina Apolo em Caeté

MinasEstudo encomendado pela mineradora amplia capacidade da lavra, que continua envolvida em impasse ambiental

Bruno Porto – Repórter

A mineradora Vale possui, desde março de 2010, um relatório técnico que prevê o aumento da capacidade de produção do projeto Apolo, que está em fase de licenciamento ambiental e ainda não saiu do papel. Inicialmente programada para produzir 24 milhões de toneladas anuais de minério de ferro, quando entrar em operação em 2014, a mina poderá receber investimentos adicionais para ampliar essa capacidade para 37,5 milhões de toneladas ao ano.

Caso o investimento seja realizado conforme previsto no relatório técnico, a mina Apolo será a maior da Vale no Estado, ultrapassando em volume a mina de Brucutu, e a segunda maior entre todos os ativos da companhia. A área de lavra do projeto abarca os municípios de Caeté, Santa Bárbara, Raposos e Rio Acima.

A Vale encomendou à SNC-Lavalin Minerconsult, multinacional de engenharia consultiva para o setor mineral, um relatório para verificar o espaço adicional necessário na planta para comportar a expansão. Este é o segundo levantamento do tipo que a mineradora contrata para o projeto Apolo. O primeiro indicava as alterações para realizar o aumento da capacidade das 24 milhões de toneladas de minério ao ano para 30 milhões. O outro, concluído em março de 2010, já previa produção de 37,5 milhões. A reportagem do HOJE EM DIA teve acesso aos dois relatórios.

O resultado dos levantamentos aponta a exigência de novos equipamentos, o que acarretará um desembolso maior por parte da Vale. Em princípio, o projeto Apolo estava orçado em cerca de R$ 4 bilhões, com a execução dos investimentos programada para ter início neste ano. Um dos motivos para o eventual reajuste do valor do aporte é o aumento da frota de veículos de mina, apontado em relatório como necessário para sustentar as operações após o ganho de produção.

Primeiramente, foi considerada uma frota de 63 veículos, sendo 30 caminhões fora de estrada e 33 veículos de mina. No entanto, para uma produção de 37,5 milhões de toneladas anuais, o relatório da SNC-Lavalin Minerconsult avalia que a frota deverá ser de 102 veículos, com 50 caminhões fora de estrada e 52 veículos de mina.

Um caminhão fora de estrada com capacidade para 400 toneladas (modelo utilizado na mina de Carajás, no Pará) tem custo aproximado de US$ 8 milhões. Portanto, como o relatório indica um acréscimo de 20 caminhões fora de estrada ao projeto, só para ampliação da frota desses equipamentos, serão necessários mais US$ 160 milhões – aproximadamente R$ 270 milhões.

Os planos da Vale, porém, ainda dependem de uma solução para o imbróglio jurídico-ambiental no local. A região onde se pretende explorar minério está situada em uma Área de Proteção Ambiental (APA), em que as atividades econômicas podem ser liberadas mediante licenciamento ambiental.

Para a área, existe um projeto de criação do Parque Nacional da Serra do Gandarela, que já foi finalizado pelo Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio), órgão do Governo federal, e passará pela aprovação de dois ministério antes do decreto presidencial.

Caso seja transformada em Parque, o turismo será a única atividade permitida e com várias restrições. Mas como a Vale já entrou com requerimentos de licença ambiental, a serra poderá ser liberada para início das operações da mineradora antes da criação do Parque. O parque abrangeria, além de Caeté, Nova Lima, Barão de Cocais, Itabirito e Ouro Preto, com área de 38,2 mil hectares.

Em nota, a Vale informa que os projetos em fase de implantação e licenciamento em Minas são de conhecimento público e “seguem rigorosamente o que está previsto nos estudos ambientais apresentados aos órgãos responsáveis”. O projeto Apolo envolveria estudos e análises contínuas que definem a viabilidade futura dos seus investimentos nos aspectos sociais, ambientais e econômicos. “Todo planejamento da empresa, inclusive para eventuais futuras alterações de capacidade produtiva, é feito com grande antecedência. Porém não há, neste momento, nenhuma definição nesse sentido em relação a Apolo”, conclui o comunicado.

http://www.hojeemdia.com.br/cmlink/hoje-em-dia/noticias/economia-e-negocios/vale-ja-preve-expans-o-da-mina-apolo-em-caete-1.230025

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