Por: Reginaldo Bispo
As enchentes e os desbarrancamentos de encostas em muitos estados, especialmente no Rio de Janeiro, são tragédias anunciadas e previsíveis por meios técnicos e científicos, mas que se repetem anos após anos, resultando em perdas humanas e materiais evitáveis, sem que as autoridades (Ir)responsáveis se importem com elas.
Nessa hora a mídia sensacionalista, fazendo de conta que informa, fazem circo com a desgraça dos cidadãos que tiveram a infelicidade de construir suas moradias precárias, no lugar que lhes restou, devido ao pouco caso do poder publico. Palpiteiros de toda ordem e calibres, políticos, especialistas, jornalistas e intelectuais, tentam aparecer com suas frustrantes constatações: Era possível prever e evitar a catástrofe. Porque não disseram ou fizeram nada antes?
Desta feita, apesar da maioria ser os mesmos de sempre, a desgraça se deu em terras de príncipes e princesas, atingindo também a fidalguia e a burguesia. Talvez por isso, tenha algum impacto, sendo tratado pelo poder publico com maior empenho e respeito, do que quando as vitimas são apenas favelados, negros pobres e trabalhadores. Mas quanto tempo vai ser preciso para que as elites políticas e econômicas, passem a reconhecer que esse pais é de todos e todos? Quando o povo vai exigir de acordo com a constituição, os mesmos direitos, deixando de cultuar ídolos salvadores da pátria?
Está provado, os investimentos e melhorias com o dinheiro publico, concentram-se nas localidades mais desenvolvidas, que já possuem os melhores equipamentos públicos. Menos de 30% dos investimentos vão para as periferias, onde mora 70% da população, absolutamente carentes de melhorias e recursos.
O déficit no Brasil é de 8 milhões de moradias, sendo que existem, segundo a Folha de SP, 11 milhões de moradias impróprias. O que fazem os governos, os parlamentares, o ministério publico, para garantir uma moradia e uma vida decente a estes cerca de 80 milhões de brasileiros? O que faz o movimento popular e sindical, em geral para apoiar e se somar a luta dos sem teto?
Os governos fazem vista grossa para a irregularidades dos ricos, a custa de boas propinas, faz pouco caso dos pobres, não se dispondo realizar obras de interesse popular, pois isto não dá voto, nem caixa dois para financiar seus partidos nas eleições. Os parlamentares e os juízes apenas preocupam-se em aumentam seus salários e vantagens.
Preferem as grandes obras, ainda que elas violentem a natureza e o meio ambiente, afinal pensam eles, mais importante são os currículos e a dinheiro em caixa para financiar as milionárias campanhas. Assim, não dão a mínima para a fauna e a flora, para as construções nas encostas, para a conservação das matas ciliares com a ocupação irregular das margens dos rios, para a economia “marginal” da coleta seletiva em suas cidades, para o desmatamento de florestas ou investimento em educação ambiental e cidadã. Afinal, quem constrói uma hidrelétrica ineficiente e cara como Belo Monte (estimada pelo governo em $3,7 bilhões de dólares, mas que segundo os técnicos não deve ficar pronta por menos de $ 11 bilhões de dólares), vai se preocupar com gente, com pobres, córregos, matas, com a vida de alguém, com a destruição do planeta?
Trata-se da mesma lógica das UPP´s de Sergio Cabral, Jaques Wagner, Tasso Genro, Alckmin, Lula e Dilma. É mais barato treinar tropas brasileiras financiadas pela ONU, no Haiti, colocando-as para reprimir e controlar a população pobre e favelada no Rio, em SP, no Recife, em Salvador (para permitir o transito seguro dos turistas nas Olimpíadas e na Copa), do que investir em uma educação de primeiro mundo [que prometem a 20 anos e não cumprem], em cultura, lazer, saúde, transporte coletivo de qualidade, e empregos, que absorvam a mão de obra jovem e na construção de uma dignidade cidadã.
O custo absurdo, ao erário publico, de R$ 250 mil por mês, de um deputado federal; Os fantásticos salários e vantagens de juízes, ministros, senadores; As espetaculares fraudes e superfaturamento de obras; Os cinematográficos roubos de dinheiro publico, como a apropriação de 150 milhões pelo juiz Lalau, outro tanto, do banqueiro Daniel Dantas e do ex-governador de Brasília; Os mensalões da vida, nos dão a dimensão pelo que se interessam ou o que podem fazer a elite desse pais, os políticos e magistrados.
Preocupados com o bem estar dos herdeiros e amigos, não vão cobrar as maracutaias dos parceiros, menos ainda preocupar-se com vidas de pobres e negros, com matas ciliares, córregos, com desmatamento de floresta, educação ambiental e com cidadania?
Não se apereem, ano que vem tem mais, gente triste chorando a morte de entes queridos, e assim “a gente vai se levando essa vida” nesse país das oligarquias escravistas ainda no século XIX, em matéria de direitos republicanos e democráticos. E nós, continuamos batendo palmas e votando neles.
Reginaldo Bispo – Coord. Nacional de Organização do MNU.
As Grandes tragédias Humanas tem como responsáveis a corrupção e a ganância