Agricultor que se tornou um dos símbolos da luta pela reforma agrária no Brasil, João Machado dos Santos, o João Sem Terra, morreu na tarde de ontem, em decorrência de problemas cardíacos, no hospital de Santo Antônio da Patrulha, onde estava internado havia cerca de 20 dias. João Sem Terra tinha 86 anos e morava na zona rural do município do Litoral Norte. A notícia é do jornal Zero Hora, 21-10-2010.
Indignado com a miséria no campo, o agricultor aderiu ao Movimento dos Agricultores Sem Terra (Master), o precursor do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST), na década de 60, quando foi apelidado de João Sem Terra. Dizia ter sido convocado pelo então governador Leonel Brizola para tocar o projeto de redistribuição do solo no Estado. Com o golpe de 1964, foi preso e torturado, sob a acusação de ser “comunista a serviço do Master”. Refugiou-se no interior de Goiás, onde trocou de nome para ludibriar os militares. Apesar dos perigos, continuou ao lado dos sem-terra e dos pequenos garimpeiros da região.
No final dos anos 80, julgavam-no desaparecido. Seus oito filhos gaúchos afligiam-se com a prolongada falta de notícias. O mistério se desfez quando ZH publicou reportagens, de Carlos Wagner, indagando onde ele andaria. Ao tomar conhecimento da reportagem (transformada no livro A Saga do João Sem Terra), reapareceu.
Nascido em 6 de maio de 1924, em Santo Antônio da Patrulha, é protagonista do documentário João Sem Terra, que estreou em 1º de junho, em São Paulo, durante a 2ª Mostra de Cinema O Vermelho da Vida. Viúvo, morava com a filha Keila, com o filho Moisés e com três netas, na chácara herdada do pai, Pedro Nazário dos Santos.
O velório ocorre na Capela Bom Jesus, no bairro Pitangueira, e o enterro está marcado para as 17h de hoje, no Cemitério Municipal, ambos em Santo Antônio da Patrulha.
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