Dois anos depois de perder um olho, alvejado pela PM, fotógrafo Sérgio Silva propõe reflexão sobre violência policial contra as manifestações sociais e as periferias
Por Tadeu Breda – Outras Palavras
Sérgio deixou-se levar pela emoção quando invadiu a cena, “Seu filho da puta!”, gritando. Tinha seu pesado instrumento de trabalho pendurado no pescoço. “Não está vendo que isso aqui é uma câmera?!”, berrou, enquanto o policial de mentira, atônito, se encolhia na cadeira. Há exatamente dois anos, naquela mesma esquina, o policial de verdade não viu que Sérgio trazia nas mãos uma máquina que produz nada além de imagens digitais. Não quis ver: dentre os vários tiros de bala de borracha que disparou, um bastou para destruir o olho esquerdo do fotógrafo. Em cheio. (mais…)