Samarco é 11ª exportadora do país. No mundo, tem 2% da produção de pelotas
Por Danielle Nogueira, no Globo
A Samarco responde por 2% da produção mundial de pelotas (bolinhas de ferro concentrado usadas na produção de aço) e é uma das maiores exportadoras do Brasil. Em 2014, ficou em 10º lugar no ranking das empresas que exportam. Este ano, até outubro, embarcou US$ 1,8 bilhão, descendo um degrau na lista.
Controlada pela Vale (50%) e pela australiana BHP Billiton (50%), qualquer problema enfrentado pela companhia tem reflexo sobre as ações de suas controladoras. As ações ordinárias (com direito a voto) da Vale desabaram 7,07% ontem na Bovespa. A BHP, maior mineradora do mundo, não tem papéis negociados no Brasil. Na Bolsa de Sidney, suas ações caíram 2,49%.
Devido ao acidente, analistas avaliam que pode haver alta repentina de preços do minério de ferro e de pelotas, já que não se sabe por quanto tempo as operações da unidade de Germano da Samarco, em Mariana, ficarão paralisadas. “Não está claro quais serão os custos de limpeza e de indenizações”, ressaltaram analistas do Citibank em relatório.
A agência de classificação de risco Standard & Poor’s (S&P) colocou a empresa em observação, “com implicação negativa”. Este é um passo anterior a possível rebaixamento da nota de crédito da companhia. ” Esperamos obter informações para avaliar o perfil de risco de negócios da empresa e o seu perfil de risco financeiro nos próximos 90 dias”, disse a S&P.
Com cerca de três mil funcionários, a Samarco tem minas em Mariana e Ouro Preto, onde é extraído o minério de ferro. Em uma unidade de beneficiamento, o ferro é separado das impurezas, que são armazenadas em barragens de rejeitos.
Na classificação do Departamento Nacional de Pesquisa Mineral (DNPM), as quatro barragens da Samarco são da categoria C, médio risco. No critério que considera as características do empreendimento, como altura e estado de conservação, o risco é baixo. Mas o dano potencial associado é alto pelo fato de as barragens estarem próximas a comunidades.
Segundo a Samarco, “a última fiscalização (nas barragens) ocorreu em julho de 2015 e indicou que encontravam-se em totais condições de segurança”. A companhia assegura ainda que os rejeitos são inertes. A Vale e a BHP lamentaram o acidente.