O documentário USP 7% surge da constatação de que os negros (pretos e pardos) são muito poucos entre os alunos e professores da Universidade de São Paulo (USP). Porém, essa ausência não foi suficiente para sensibilizar a instituição, uma das maiores e mais importantes do país, para adotar as cotas raciais. Mesmo após a medida ter sido implantada por lei, em 2012, em todo o ensino superior federal do país, como conclusão de um processo iniciado pelas próprias universidades.
A pré-estreia está marcada para o próximo dia 13, 18h, no Núcleo de Consciência Negra – Avenida Professor Lúcio Martins Rodrigues, travessa 4, bloco 3, Cidade Universitária. (Próximo à FEA, atrás do prédio em construção)
A história dessa discussão dentro dos campi da USP é contada pelos militantes que desde a década de 1980 lutam para aumentar a presença dos negros dentro das salas de aula. Luís Carlos conta como, naquele tempo, começou a ocupação do barracão onde até hoje funciona o Núcleo de Consciência Negra, centro de pensamento e mobilização pela causa racial dentro da universidade.
Regina Lúcia, também antiga militante, traz a visão de como o movimento se articulou para fora dos campi para tornar as cotas uma reivindicação de todo o movimento negro. E como as ações afirmativas explicitam as disputas e privilégios em séculos de exclusão e preconceito.
A partir de seu caso emblemático de racismo dentro da universidade, a estudante da Saúde Pública Mônica Gonçalves conta como é o cotidiano do aluno negro na USP. A história de uma pessoa que sente que não é bem vinda ali.
O relato complementa a narrativa da vestibulanda Fernanda Moreira. Filha de uma faxineira que trabalha na própria universidade, é uma das alunas do cursinho pré-vestibular mantido pelo Núcleo de Consciência Negra.
As quatro histórias se alternam para apresentar opiniões e contar um pouco do ser negro na sociedade brasileira. Esse sentimento é explorado em uma narrativa visual que busca os contrastes na arquitetura suntuosa dos edifícios e nas cenas cotidianas nas faculdades. Um espaço de conhecimento e poder, onde todos tem posições claramente definidas.
Ao debater essas questões dentro dessa instituição, que deveria ser um centro de pensamento e crítica, o documentário traz uma reflexão sobre o racismo estrutural na sociedade brasileira.